Uma das bebidas mais adoradas do mundo, o café está em praticamente todos os lugares. Nas padarias, nas prateleiras dos supermercados, nas preparações requintadas dos baristas e nos memes da internet. A melhor maneira de apreciar esse elixir estimulante é bem particular. Há quem prefira coado, em forma de espresso (ou expresso, em português), cappuccino ou num copo lotado de gelo.

O Brasil desponta como o maior produtor do grão do mundo. E também um grande bebedor. O consumo individual no país é de 1.430 xícaras por ano, de acordo com um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). E, dentre os métodos mais comuns de preparação, está o café coado. Sim, gostamos mesmo de um cafezinho passado na hora.

Os métodos de infusão do café têm origem na França do século 18 — e foram popularizados na Inglaterra no início do século seguinte. Mas somente em 1908 o primeiro filtro descartável de papel foi inventado, pela alemã Amalie Auguste Melitta Bentz.

Em outros países, como nos Estados Unidos e no Japão, uma das formas mais populares de degustar a bebida é coar o café e em seguida adicionar pedras de gelo. Quente ou frio, na primeira hora da manhã ou depois do almoço, o cafezinho representa uma pausa bem-vinda no cotidiano.

O queridinho dos brasileiros tem sua ciência. Segundo Giuliana Bastos, consultora de tendências de mercado da ABIC, o preparo com um coador permite que o café expresse mais nuances sensoriais. Conforme a vontade do barista, a característica individual de cada tipo de grão pode ser realçada no preparo.

— Ele é diferente do expresso (preparado na máquina), por exemplo, que potencializa todos os atributos encontrados no grão de uma só vez. O grão que tem uma característica de ser mais ácido, no expresso fica muito ácido, já o doce fica muito doce — explica.

Outro diferencial apontado por especialistas é o ritual envolvido no preparo. Bastos ressalta que, diferente dos cafés feitos na máquina, o coado permite que todo o processo seja realizado junto ao cliente na mesa.

E embora, ele seja um potente estimulante natural, seu consumo é muito ligado a intervalos de relaxamento na rotina.

— O ritual envolvendo a preparação de uma xícara de café é muito importante. Os atos de moagem dos grãos, assim como o despejo da água, são coisas muito atraentes visualmente e fortalecem o significado do café como um momento de pausa, um momento de descanso — pondera Bastos.

O barista e empresário Thiago Sabino, representante atual do Brasil na Brewers Cup, competição mundial de café filtrado profissional, acrescenta que o café coado consegue deixar sua marca nos cinco sentidos.

O primeiro passo para conseguir alcançar um preparo eficiente — que aproveitará ao máximo as qualidades de um grão de café — é ter um equipamento adequado para isso. Para Bastos, uma opção simples mas com resultados excelentes é o porta-filtro Hario V60.

Ela explica que esse modelo, com angulação de 60 graus, facilita a passagem da água quente e também, por apresentar um orifício maior para escoamento do líquido, resulta em uma quantidade ideal de café.

Tendo o equipamento já forrado com o filtro próprio, o segundo passo é ferver a água.

— Então, antes de tudo, você escalda todo o filtro com essa água. Porque, assim, você já aquece seu set (conjunto de utensílios) e retira qualquer resíduo indesejável do papel que interfira com o sabor — aponta.

Preparo com Hario V60 — Foto: Freepik

Após escaldar o porta-filtro e o filtro, a preparação passa para a fase da moagem dos grãos escolhidos. Assim, com um moedor — acessório que pode ser encontrado em diferentes preços e variedades, do manual ao elétrico —, o café pode ser transformado em pó.

— Moer na hora é uma experiência muito rica de frescor e aromas — afirma a especialista da ABIC.

No país, os grãos mais cultivados são o arábica e o robusta (conilon). O primeiro é considerado mais suave e aromático, já o segundo apresenta um sabor forte e amargo. Além disso, diferentes tipos de torras, clara, média e escura, promovem diferentes resultados quando aplicadas aos grãos.

— É importante considerar que a qualidade do filtro pode influenciar no sabor do café. Mas, mesmo com um bom filtro, é fundamental usar café de boa qualidade — orienta Sabino.

E para garantir a qualidade, a ABIC conta com um selo de pureza e qualidade, que representa uma análise de todo o processo de fabricação dos produtos, e, em seguida, um monitoramento dos atributos desses cafés feitos pela associação através de coleta regular nos pontos de venda.

Com o café já moído e o papel escaldado, deposite o pó no centro do filtro. A sugestão de receita do barista é de duas colheres de sopa (aproximadamente 20g) para 220ml de água.

Jogue fora a primeira água fervida para preparar o set. Ferva novamente outra porção de água e depois a deixe descansar por 30 segundos para perder um pouco da temperatura. Passado esse tempo, faça uma pré-infusão, dessa vez diretamente no pó.

— Despeje a água em pequenas quantidades sobre o pó, em movimentos circulares, das beiradas para o centro do filtro, e deixe descansar por cerca de 30 segundos. Posteriormente, despeje o restante do líquido lentamente no centro do filtro — recomenda.

Ao fim da preparação, sirva o café coado em canecas ou copos da sua preferência. Vale prestar atenção, enquanto ainda sobe o vapor, em quais sabores e aromas sobressaíram no aroma. A partir disso, é possível encontrar quais são os seus favoritos.

Aprecie a bebida com moderação. a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) preconiza que a quantidade máxima de cafeína em para pessoas maiores de 19 anos em suplementos seja de 200 miligramas ao dia, o que equivale a aproximadamente duas xícaras de café.

A orientação segue a mesma linha da Organização Mundial de Saúde (OMS), a qual indica o consumo de apenas dois copos de café ao dia. Já órgãos como a Food and Drug Administration (FDA), equivalente americana da Anvisa, sugere que adultos saudáveis podem ingerir até 400 miligramas de cafeína diariamente.

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