Big Bang, revolução solar, alinhamento cósmico. Em sintonia com os planetas que invadiram a passarela da Chanel no Grand Palais, não faltam metáforas espaciais para sintetizar a bem-sucedida estreia de Matthieu Blazy no comando da grife e a Semana de Moda de Paris como um todo. Encerrada no último dia 7, a temporada de desfiles internacionais (que começou em Nova York, um mês antes) foi marcada por 15 estreias importantes — algo nunca antes visto —, apostas que flertaram com um verão mais alegre e colorido e coleções tão comerciais quanto inspiradoras.
“Após a frenética dança das cadeiras e as crises de identidade das grifes, ficou patente o empenho no resgate dos códigos e das narrativas históricas das maisons, ainda que em diferentes interpretações e intensidades”, destaca a analista de moda Paula Acioli. No caso de Blazy, muitos críticos disseram que o designer repetiu o que fazia na Bottega Veneta. O especialista em branding Fábio Monnerat discorda: “Ele fez uma nova Chanel com velhos códigos, capaz de dialogar com quem já é cliente da marca e criar desejo em quem não é”.
As outras estreias mais elogiadas da temporada foram a de Pierpaolo Piccioli, na Balenciaga, e as de Jack McCollough e Lazaro Hernandez, substitutos de Jonathan Anderson, na Loewe. Anderson, agora na Dior, causou mais estranhamento do que suspiros.
Primoroso ao atualizar clássicos da Balenciaga como o icônico vestido-saco, Piccioli trouxe às passarelas a silhueta com perfume de alta-costura que marcou os seus oito anos à frente da Valentino. Já a dupla Jack & Lorenzo acendeu a Loewe com hits da próxima estação, como colorbloking, vestidos atoalhados e comprimentos míni. Confira outras delas nas próximas páginas.
A silhueta ampulheta, com ares de new look da Dior, não terá vez no próximo verão, nem mesmo na casa agora dirigida por Jonathan Anderson. O designer reconfigurou o tailleur bar de Mounsier Dior e jogou a cintura ora para cima, ora para baixo. Como nos anos loucos de Great Gatsby, a proporção drop-waist ganhou versões de Blazy para a Chanel e de Piccoli para a Balenciaga.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/x/L/SAiVFYSbKMGUAp6HbeiQ/arte-11-.png)
Difícil imaginar que essa moda pegue no Brasil, onde todo cuidado é pouco, mas… No que depender da Chanel, da Hermès e da Loewe, as bolsas de couro do próximo verão serão completamente abertas, em shapes e cores variados.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/O/B/IHzjFCQJmukClVrirmLA/arte-9-.png)
Brincadeiras, jogos e novas silhuetas prenunciam um verão 2026 mais alto-astral do que os anteriores. “Foi uma temporada de peças intercambiáveis, cheias de movimento ou volume, como peplum, drapeados e babados”, diz a analista de moda Paula Acioli. Na Saint Laurent, longos com ares de red carpet eram feitos de nylon, superleves.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/l/2/hGs5rATU2W86LOAoeXDA/gettyimages-2238996306.jpg)
Depois de algumas temporadas de quiet luxury, com looks quase sem cor e sem volume, como lembra o especialista em branding Fabio Monnerat, a moda finalmente voltou a vibrar. “O colorblocking e os volumes mais exagerados resgatam uma alegria que há tempos não víamos nas passarelas. Essa temporada foi da volta do sonho, sem perder o olhar no mercado”, completa Monnerat.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/A/8/nl7DRiRYycVM17M2CEdA/arte-12-.png)
A míni, que desde a década de 1960 coloca as pernas e a autonomia feminina em foco, não se fez de rogada na semana de Paris. Na Valentino foi uma das estrelas do baile e, na Celine, flertou com o office look. Curtíssima, é radical e chique.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/x/T/5Rij8WTvmZW46kF9bMpQ/gettyimages-2239235909.jpg)
Hit inconstestável do verão 2026, a camisa branca ganhou cauda longa no desfile da Balenciaga e saias multicoloridas no da Chanel. Para recontar a paixão de Gabrielle Chanel pelo guarda-roupa de Boy Capel, Blazy fez uma parceria entre a maison e a Charvet, tradicional camisaria situada na Place Vendôme.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/n/f/fiyIefTVCYgg6ROpjPQQ/gettyimages-2238855312.jpg)
Hit inconstestável do verão 2026, a camisa branca ganhou cauda longa no desfile da Balenciaga e saias multicoloridas no da Chanel. Para recontar a paixão de Gabrielle Chanel pelo guarda-roupa de Boy Capel, Blazy fez uma parceria entre a maison e a Charvet, tradicional camisaria situada na Place Vendôme.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/H/d/rG8MZqSkmnyrmR04sArQ/gettyimages-2239423292.jpg)
O verão 2026 terá uma primavera particular. As flores foram cultivadas em aplicações, como se viu na Chanel, efeito 3D, saltando do vestido Balenciaga, e com ares de eternas férias na oitentista Chloé. Sempre um respiro em tempos cinzas.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/J/d/Q6aOL3RgSo3FJgQFK0cg/arte-8-.png)
O verde-oliva mudou de nome, em alusão ao Chartreuse, licor francês de tom esverdeado, à base de ervas, feito por monges cartuxos desde 1737. Na praia da Balmain de Rousteing, a cor tingiu do macramê de vestidos a parcas, jaquetas e calças estilo parachute. Já na Hermès de Nadède Vanhee veio em tops, mínis, coletes, botas e bolsas. Sofisticado, como sempre.