Uma explosão mortal deixou cerca de 70 mortos, centenas de feridos e abriu uma crise para o governo no último sábado, em meio a denúncias sobre uma possível negligência envolvendo o manuseio de um carregamento de produtos químicos que teria destinação militar. Um novo ângulo de uma câmera de segurança mostra o início do incidente.
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Imagens de câmera de segurança mostram explosão colossal em porto iraniano
O Irã anunciou nesta terça-feira que bombeiros conseguiram controlar, na noite de segunda-feira, o incêndio devastador que atingia o porto de Shahid Rajai, principal porta comercial do país, desde o sábado.
— Será necessário de 15 a 20 dias para apagar completamente o fogo — afirmou nesta terça-feira o porta-voz dos serviços de emergência, Hosein Zafari, citado pela agência de notícias Ilna. — Os contêineres devem ser abertos um por um, inspecionados e depois completamente resfriados com água.
Na manhã desta terça, imagens exibidas ao vivo na televisão ainda mostravam uma densa fumaça saindo dos contêineres empilhados no porto estratégico, localizado perto da cidade costeira de Bandar Abbas, no Estreito de Ormuz, a quase mil quilômetros de Teerã. As autoridades iranianas anunciaram que as operações alfandegárias foram retomadas.
A explosão, que foi ouvida a dezenas de quilômetros de distância, aconteceu no sábado em um dos cais do porto. O serviço de Alfândega do porto indicou que um incêndio no depósito de materiais perigosos e químicos pode ter sido a causa do incêndio.
— Aconteceram falhas, em particular a violação das medidas de segurança, e negligência — declarou na segunda-feira o ministro do Interior, Eskandar Momeni.
Fontes citadas pela imprensa ocidental afirmaram que o carregamento de químicos que teria causado a detonação seriam usados para fins militares. Sob condição de anonimato, uma fonte ligada à Guarda Revolucionária do Irã disse ao jornal americano New York Times que a explosão foi provocada por um carregamento de perclorato de sódio, um ingrediente importante na fabricação de combustível sólido para mísseis e foguetes.
A informação é similar à conclusão de uma análise da Ambrey Intelligence, uma consultoria privada de risco marítimo, que avaliou que os incêndios intensos que se espalharam entre os contêineres antes da explosão eram resultado do “manuseio inadequado de uma remessa de combustível sólido destinado ao uso em mísseis balísticos”. A consultoria, citada pela rede britânica BBC, afirmou também ter conhecimento de que um navio de bandeira iraniana teria entregado “um carregamento de combustível de foguete de perclorato de sódio no porto em março de 2025”.
Enquanto isso, o governador da província de Hormozgan, Mohamad Ashuri, descartou a hipótese de sabotagem.
— Primeiro, saiu fumaça do local e depois se transformou gradualmente em um incêndio, o que provocou uma explosão potente — argumentou Ashuri. (Com AFP)