Concentração, atitude e errar o menos possível. Nos últimos dias, Renato Gaúcho ressaltou a importância de a equipe usar inteligentemente esses três pilares a partir das oitavas de final do Mundial de Clubes. E o discurso se viu na prática. Com personalidade e eficiência, o Fluminense derrotou a Inter de Milão, atual vice-campeã da Champions League, por 2 a 0, ontem, em Charlotte, e está nas quartas. Em um desempenho coletivo praticamente perfeito, os gols de Germán Cano e Hércules, e as defesas de Fábio garantiram uma classificação que chegou para nunca mais sair da memória dos tricolores.
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Com uma formação até então inédita com três zagueiros — Thiago Silva, Ignácio e Freytes —, a estratégia do treinador em “espelhar” o esquema tático do adversário se mostrou certeira. Convicto do que fazer, o tricolor não só conseguiu incomodar no contra-ataque, como também ocupou bem os espaços no meio-campo e pouco sofreu com as investidas do adversário.
Se Renato indicava uma preocupação a mais com o lado defensivo, o Fluminense pegou de surpresa a Inter de Milão ao adiantar as linhas de marcação logo no início da partida. Após Martinelli insistir em um desarme no meio-campo, Cano aproveitou cruzamento desviado de Arias para cabecear entre as pernas do goleiro Sommer, aos dois minutos de jogo — na sua partida 200 pelo tricolor, o camisa 14 fez o 106º gol. Olhando apenas para a trajetória da bola, a marcação italiana deixou o ídolo argentino aparecer livre entre os zagueiros para fazer o “duplo L”.
Mesmo à frente do placar, o Fluminense não se dava por satisfeito. Apesar de priorizar os erros do adversário para sair em velocidade, o time também teve seus momentos de protagonismo. Sem uma proposta que abdicasse completamente da bola, Ignácio chegou a balançar as redes, mas estava impedido.
Eleito o melhor jogador em campo contra o Mamelodi, o camisa 4 voltou a ter uma atuação de destaque como titular, tanto que ganhou seis de oito duelos (75%) no chão. Diante do time sul-africano, ele substituiu Thiago Silva, que retornou ontem após ficar fora com dores musculares na última rodada da fase de grupos. Fazendo jus ao apelido de Monstro, o capitão jogou a partida inteira e foi o pilar para a sincronia de um novo sistema defensivo.
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A gana do Fluminense em sair com a classificação foi tanta que até influenciou o temperamento à beira de campo. Já nos acréscimos da primeira etapa, Renato Gaúcho se envolveu em uma confusão com o meia Mkhitaryan, que o empurrou com o ombro depois que ele afastou a bola com um bico na área técnica.
Em uma rotação lenta para um jogo decisivo, a Inter de Milão só ficou no quase. Campeã do mundo com a seleção argentina em 2022, Lautaro Martínez chegou a colocar uma bola na trave, porém, esteve, assim como toda equipe italiana, em um dia abaixo tecnicamente.
Ainda assim, pela qualidade técnica, a Inter de Milão ameaçou. Porém, aos 44 anos, Fábio colocou seu nome mais uma vez na história do Fluminense. Com três importantes defesas, o goleiro travou uma possível reação do adversário. Quem também merece todo o reconhecimento é Jhon Arias, que mostrou aos italianos o quão difícil é desarmá-lo por conta de seu talento e sua força com a bola nos pés. O colombiano foi eleito o melhor jogador em campo.
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Para coroar o grande futebol tricolor em Charlotte, Hércules, já nos acréscimos do segundo tempo, sacramentou a vitória do Fluminense contra um adversário europeu de peso. Alvo de críticas da torcida em certo momento da temporada, o volante aproveitou um corte errado da defesa italiana para chutar no canto de Sommer. O Fluminense ficou “louco da cabeça” nos Estados Unidos.
Com uma classificação totalmente merecida, o time de Renato Gaúcho deixa os desacreditados boquiabertos. Agora entre os oito melhores times da Copa do Mundo de Clubes, o tricolor sente que “um novo dia raiou” novamente.