O Irã anunciou nesta quarta-feira que executou um “espião de alto escalão” dos serviços de inteligência de Israel, acusado por Teerã de envolvimento na morte de uma autoridade do país em 2022. O anúncio ocorre em um momento em que o regime dos aiatolás está pressionado pelas ações militares israelenses na região, e também pelo governo dos EUA, que exigem um novo acordo nuclear — com novas negociações marcadas para o sábado em Roma.
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A agência de notícias iraniana Mizan, que cobre temas judiciais, informou que Mohsen Langarneshin foi enforcado na manhã desta quarta, apresentando-o como um “espião de alto escalão e apoiador operacional” de missões do Mossad no país. Não foi especificado quando teria ocorrido a prisão ou o julgamento de Langarneshin.
A principal atuação do suposto espião teria sido na trama do assassinato do coronel da Guarda Revolucionária iraniana, Sayad Jodaei, morto por dois motociclistas quando voltava para sua casa, no leste de Teerã, em 22 maio de 2022. Poucos dias depois do assassinato do coronel, o jornal americano New York Times noticiou que Israel havia informado aos EUA que eram responsáveis pela morte.
O Irã anuncia rotineiramente a prisão de agentes que trabalham para serviços de inteligência estrangeiros, especialmente para Israel. Em dezembro de 2023, a justiça iraniana executou um homem no sudeste do país que havia sido considerado culpado de cooperar com o Mossad.
A situação entre os países se acirrou ainda mais após o início da guerra em Gaza contra o Hamas, que fez as forças israelenses expandiram suas ações regionalmente para atacar outros membros do “Eixo da Resistência”, aliança liderada por Teerã que sofreu fortes baixas. Os dois países também trocaram ataques massivos, porém pontuais, em momentos de maior tensão.
Irã lança cerca de 200 disparos contra território de Israel
Israel anunciou nesta quarta-feira um ataque aéreo contra a Síria — onde o regime de Bashar al-Assad, aliado ao Irã, caiu no ano passado. O alvo seria um grupo extremista hostil à população drusa, uma minoria étnica que se espalha entre Líbano, Síria e Israel.
Em paralelo, a república islâmica lida com uma campanha de pressão liderada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o desenvolvimento de seu programa nuclear. O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, confirmou que uma quarta rodada de negociações vai acontecer neste sábado, em Roma, com mediação de Omã.
— A próxima rodada de negociações ocorrerá em Roma. Na véspera, na sexta-feira, também teremos uma reunião com três países europeus — disse o chanceler.
França, Reino Unido e Alemanha, juntamente com China e Rússia, assinaram um acordo em 2015 com o Irã sobre seu programa nuclear. O pacto, que previa a suspensão das sanções contra o Irã em troca do controle de suas atividades nucleares, tornou-se obsoleto após a retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018, durante o primeiro mandato de Trump. (Com AFP)