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Israelenses enfrentam sanções e estigma no exterior por ofensiva de Netanyahu em enclave

BRCOM by BRCOM
outubro 5, 2025
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Place de la Republique, em Paris: protesto contra ação de Israel em Gaza — Foto: STEPHANE DE SAKUTIN / AFP

A cada nova ofensiva das Forças Armadas de Israel na Faixa de Gaza, Anat Angrest vê se prolongar o calvário que toma conta de sua vida há quase dois anos, quando seu filho, o soldado Matan Angrest, foi sequestrado por integrantes do Hamas e levado para o enclave palestino. A aflição que a acompanha desde aquele 7 de outubro de 2023 parece ter lhe dado uma trégua na última sexta-feira, quando o grupo se mostrou disposto a libertar todos os reféns vivos e entregar os corpos dos mortos que ainda estão no enclave. Enquanto a mãe vive em compasso de espera, Matan completou seus 22 anos em cativeiro.

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A angústia das famílias israelenses permanece, passados dois anos de guerra. Entre acordos políticos momentâneos, que não evoluíram para uma solução definitiva, e uma guerra levada adiante pelo governo de Benjamin Netanyahu de forma impassível — com mais de 67 mil palestinos mortos em Gaza, em sua maioria civis — Israel viu derreter o apoio interno e internacional à sua resposta ao Hamas, o que resultou em medidas que cada vez afetam mais diretamente judeus israelenses e na diáspora, sejam eles contra ou a favor da guerra.

Uma nova onda de sanções ganhou força na Europa nos últimos meses, sobretudo após a declaração de fome na Cidade de Gaza e a classificação da guerra em curso como genocídio por parte de cada vez mais organizações e intelectuais. A Comissão Europeia colocou em votação um projeto que pode retirar benefícios fiscais concedidos a Israel para o comércio com o bloco, enquanto entidades culturais e esportivas estudam banir artistas e esportistas israelenses de palcos e arenas internacionais.

Em um artigo de opinião publicado no jornal Haaretz, o escritor judeu Dani Bar On narrou uma série de episódios enfrentados por ele e outros israelenses que conheceu durante uma recente viagem de férias à Europa, em que todos foram alvo de algum tipo de constrangimento por sua nacionalidade ou identidade judaica.

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“Essa viagem marcou um divisor de águas para mim. Foi a primeira vez que me senti tão indesejado fora de Israel”, escreveu Bar On. “Entre certos segmentos das populações locais e estrangeiras com quem cruzamos […] já não era mais possível dizer ‘sou de Israel’ sem que essas palavras engasgassem na garganta, ou sem que surgisse um silêncio pesado, que exigia explicações, esclarecimentos ou pedidos de desculpa.”

Place de la Republique, em Paris: protesto contra ação de Israel em Gaza — Foto: STEPHANE DE SAKUTIN / AFP

O escritor, que se coloca como opositor de Netanyahu e participante das manifestações pelo fim da guerra, revelou frustração pelo estigma enfrentado — em um caso específico, um italiano se recusou a alugar uma bicicleta a ele por causa de um “boicote” a Israel pela guerra —, mas afirmou ter sentido diferença entre um episódio de antissemitismo que sofreu anos antes e o que viu no contexto atual: agora, as situações pareciam ter influência direta da guerra.

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Fazer uma distinção entre casos de constrangimento enfrentados por israelenses e judeus em consequência do conflito atual e aqueles movidos por sentimento antissemita é tarefa quase impossível. Relatórios de órgãos oficiais do governo e de organizações de sociedade civil e universidades do país são unânimes ao apontar uma disparada de incidentes antissemitas desde 7 de outubro de 2023. Os episódios, que vão desde manifestações on-line até atentados contra múltiplos alvos, saltaram até 400% em alguns países. O mais recente aconteceu há poucos dias, quando um ataque a uma sinagoga deixou dois mortos em Manchester, na Inglaterra, no meio do feriado judaico de Yom Kippur.

A ex-diplomata israelense Revital Poleg, integrante da equipe de negociação dos Acordos de Oslo com os palestinos nos anos 1990, afirmou em entrevista ao GLOBO que é importante reconhecer que o antissemitismo é um fenômeno com raízes profundas, que se expressa há séculos, mesmo antes do Holocausto, e atinge judeus israelenses e não israelenses.

Mas ela reconhece que as ações do governo estão relacionadas à erosão da imagem do Estado judeu — embora não tenha influência direta na questão mais ampla.

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— Como israelense, nascida aqui, sempre que cheguei em qualquer lugar do mundo, cheguei orgulhosa. Eu não saí de Israel desde o começo da guerra, mas muitos amigos agora têm medo quando estão fora. Já não usam quipá, camisetas com palavras em hebraico, tentam não falar em hebraico na rua… — afirma, ponderando: — O antissemitismo é muito anterior à guerra em Gaza. Os atos do governo fazem crescer uma raiva, amplificam uma rejeição, mas não são responsáveis pelo antissemitismo.

A avaliação da diplomata é que Israel vem sofrendo derrotas para o Hamas no campo da diplomacia pública, que permitiu que grupos antissemitas se propagassem mesmo antes da guerra. Um relatório da Universidade de Tel Aviv, que analisou dados de 2023 e 2024, registrou que os casos de antissemitismo tiveram um pico imediatamente após o ataque, em uma possível correlação com esses grupos. O número segue elevado se comparado ao período anterior à guerra.

Uma pesquisa do Pew Research Center em 24 países e divulgada em junho indica que a imagem do Estado judeu já estava prejudicada antes da resposta ao ataque: em apenas três dos países — Índia, Nigéria e Quênia — a visão positiva sobre Israel era maior do que a negativa entre os entrevistados. O levantamento considerou países tão diversos quanto EUA, Japão, Alemanha, Austrália e Brasil — onde 58% disseram ter uma imagem negativa do Estado judeu, e 63% afirmaram não confiar em Netanyahu. O estudo ainda aponta que a pergunta tinha sido feita em pesquisas anteriores em 10 dos países, e que em sete houve um “aumento significativo” do percentual de desaprovação.

Outro estudo, realizado pelo historiador João Miragaya, mestre pela Universidade de Tel Aviv e colaborador do Instituto Brasil-Israel (IBI), aponta que as pesquisas de opinião do país captam há mais de um ano uma mudança de posição dos israelenses sobre a continuidade da guerra em Gaza — que era quase uma unanimidade logo após o atentado. Analistas políticos israelenses apontam que a discrepância entre as decisões do governo e a vontade popular alcançou um patamar histórico ao longo da guerra, mas sem os cidadãos conseguirem mudanças mesmo exercendo pressão nas ruas.

— Um primeiro instituto de pesquisa perguntou à população, em setembro de 2024, se ela era favorável a um acordo que trouxesse os reféns de volta, mesmo que colocasse fim à guerra sem que o Hamas fosse derrubado, e mais de 50% se posicionaram a favor. Esse número só aumentou — disse Miragaya. — Em média, dois terços da população israelense estão se posicionando consistentemente desta maneira há um ano.

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  • ‘Soldados pelos Reféns’
      • Israelenses enfrentam sanções e estigma no exterior por ofensiva de Netanyahu em enclave

‘Soldados pelos Reféns’

Max Kresch, reservista israelense que lidera movimento de militares que se recusam a voltar ao front — Foto: Cedida/ Yuval Green
Max Kresch, reservista israelense que lidera movimento de militares que se recusam a voltar ao front — Foto: Cedida/ Yuval Green

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O estudante universitário Max Kresch, de 29 anos, é um dos israelenses que mudaram de opinião ao longo da guerra. Médico de combate na reserva do Exército, Kresch deixou de lado as ressalvas que tinha sobre o governo Netanyahu e se apresentou ainda em 7 de outubro de 2023, servindo por dois meses na fronteira com o Líbano. Ao voltar para casa, porém, passou a se posicionar frontalmente contra a guerra e ajudou a fundar o movimento Soldados pelos Reféns, que defende que reservistas se recusem a se apresentar até que o governo chegue a um acordo.

— As mortes e a devastação desenfreadas em Gaza vão empurrar para muito, muito longe, qualquer tipo de progresso em direção à paz ou à resolução justa do conflito. Espero que haja uma chance, que de alguma forma, depois de sairmos desse pesadelo, ainda possamos sonhar com a paz. Mas como podemos esperar avançar com a paz depois de tudo o que fizemos e nem sequer admitimos? É algo que causa danos extremos ao nosso país, ao povo, às próximas gerações — disse Kresch ao GLOBO.

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