Grande nome da noite em La Plata que colocou o Flamengo de volta a uma semifinal da Libertadores, Agustín Rossi passa longe de ser um herói inconteste entre os rubro-negros. Na verdade, o jogo de quinta-feira foi um pequeno resumo de sua passagem pelo clube até aqui, cheia de altos e baixos, defensores e críticos. O mesmo goleiro que fez autocrítica sobre sua atuação no gol da vitória por 1 a 0 sobre o Estudiantes, fator complicador no confronto, finalmente fez valer a fama de pegador de pênaltis e deixou o campo como protagonista ao parar duas cobranças.
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— Fiquei muito arrependido por causa do gol. Mas a posição de goleiro é assim. Tive a possibilidade de errar no jogo, mas garanti a classificação, além do grande esforço do time. Meus companheiros cobraram muito bem os pênaltis — avaliou Rossi logo após o jogo.
Contratado em 2023, o goleiro argentino tem sido o sucessor mais longevo de Diego Alves, mas ainda gera desconfiança na torcida justamente em momentos como esses, que funcionam como divisores de águas. Titular absoluto desde o início do ano passado, chegou a emplacar uma sequência de 1.134 minutos sem ser vazado — a maior de um goleiro na história do Flamengo —, só que grande parte dos jogos foi pelo Campeonato Carioca.
Tão valorizada no futebol atual, a habilidade de sair jogando com os pés é uma das mais fortes do atleta ex-Boca Juniors, mas também é um dos motivos de debate entre os que acreditam que o mais importante mesmo é “defender com as mãos”.
Rossi já acumulou uma série de boas intervenções nesta temporada, principalmente no primeiro turno do Campeonato Brasileiro, em que a defesa rubro-negra se consolidou como a menos vazada. Contudo, também comprometeu em alguns jogos em que errou em saídas e permitiu gols, principalmente em bolas paradas: nas partidas contra Ceará e Vasco, pelo torneio nacional, e na ida contra o próprio Estudiantes.
Ainda faltava aparecer em um grande palco a fama de pegador de pênaltis, pela qual era conhecido no futebol argentino e que foi um dos motivos para justificar sua contratação. Pelo Flamengo, são sete defesas em 20 cobranças (aproveitamento de 35%). Nas oitavas de final da Copa do Brasil, contra o Atlético-MG, porém, Rossi não conseguiu ser determinante na disputa que decretou a eliminação.
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O goleiro pode agora usar esta noite heróica de Libertadores como um novo ponto de partida dentro do clube, assim como o próprio Diego Alves fez na disputa de pênaltis contra o Emelec, nas oitavas de final da edição de 2019. Ele volta a campo amanhã, às 20h30, contra o Corinthians, tentando ajudar o Flamengo a se manter na liderança do Brasileirão, e já de olho nas semifinais diante de outro time argentino: o Racing.
— O Rossi tem a nossa confiança e o carinho dos jogadores do grupo. Os erros acontecem. Um goleiro tem que estar em um nível de concentração muito alto sempre, porque um erro elimina. Que isso não o afete, porque tem a confiança de todos — disse o técnico Filipe Luís após a classificação sobre o Estudiantes.
— É um cara diferenciado, ele merece tudo isso. É um cara do bem, que está trabalhando muito para o seu time — elogiou Arrascaeta.
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Assim como entre torcedores, os bons números não fazem de Rossi uma unanimidade dentro do clube. Tanto que o poder de decisão nas cobranças não inibe a diretoria de seguir atenta ao mercado para trazer um goleiro que concorra ao posto de titular a partir do próximo ano, segundo informou o blog de Diogo Dantas no GLOBO.
O plano de ir atrás de um jogador da posição também não impede o Flamengo de negociar a renovação do contrato de Rossi, que vence em 2027. A dúvida que paira nos bastidores do clube é se vale investir em um atleta de peso e, se isso ocorrer, quem será o reserva em um primeiro momento.
Atualmente, Rossi reina absoluto no Ninho do Urubu e tem o jovem Matheus Cunha como alternativa até dezembro. O reserva chegou a ter chances com Tite, mas Filipe Luís não manteve o revezamento no gol. Assim, Cunha fechou com o Cruzeiro, para onde vai a partir de 2026.
Na linha sucessória, o Flamengo já promoveu Dyogo Alves, goleiro da base que sobreviveu ao incêndio no Ninho do Urubu em 2019. O jovem também não vai impedir a diretoria de ir ao mercado para trazer um reforço para a posição.