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‘me viam como a nordestina chorosa’

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outubro 23, 2025
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Marcélia Cartaxo em cena de "A hora da estrela" — Foto: Divulgação

Há 40 anos, uma jovem Marcélia Cartaxo deixava a cidade de Cajazeiras, na Paraíba, para ganhar o mundo. Durante a apresentação de uma peça de seu grupo de teatro em São Paulo, a atriz foi vista pela diretora Suzana Amaral, que viu nela a pessoa ideal para dar vida a Macabéa, protagonista de “A hora da estrela”, adaptação para os cinemas da obra de Clarice Lispector. O resto é história. Em 1985, ela foi ovacionada na apresentação do filme no Festival de Brasília, de onde saiu com o Candango de melhor atriz. Poucos meses depois, no início de 1986, se tornou a primeira brasileira a conquistar o Urso de Prata de melhor atriz do Festival de Berlim — feito que seria repetido posteriormente por Ana Beatriz Nogueira por “Vera”, em 1987, e Fernanda Montenegro por “Central do Brasil”, em 1998.

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— Liguei para minha mãe para dizer que ganhei um urso e ela me disse: “Não traga esse bicho pra cá, não, porque não tem comida pra ele” — lembra a atriz de 61 anos em conversa com O GLOBO via videoconferência direto das filmagens de seu próximo projeto, “Sobre Dora e dores”, rodado no Tocantins.

O projeto é apenas um de vários que Marcélia tem no momento, em diferentes estágios. Homenageada em agosto no Festival de Cinema de Gramado com o Troféu Oscarito pelo conjunto de sua obra, a atriz lançou recentemente os dramas “A praia do fim do mundo”, de Petrus Cariry, e “Lispectorante”, de Renata Pinheiro.

Hoje, a atriz celebra um momento especial em sua carreira. Mas nem sempre foi assim. Após o sucesso com “A hora da estrela”, se mudou para o Rio de Janeiro e depois para São Paulo. Continuou trabalhando ativamente no cinema e na TV, mas as oportunidades que recebia não enchiam seus olhos.

Marcélia Cartaxo em cena de “A hora da estrela” — Foto: Divulgação

— Fiz muitos filmes e novelas depois de “A hora da estrela”, mas me viam muito no lugar da mulher nordestina, chorosa, sofrida, muito enraizada nas mesmas questões do Nordeste — lembra Marcélia, que sabe bem quando o jogo virou para ela. — Comecei a mudar a temperatura dos meus personagens quando o Karim Aïnouz me chamou para fazer a Laurita em “Madame Satã” (2002). Pedi a ele que ela não chorasse. Ela podia apanhar, podia sofrer, mas não queria que ela chorasse. Era uma mulher forte, corajosa, com uma presença de luta. A partir daí, comecei a receber papéis diferentes.

O novo momento após “Madame Satã” também foi marcado por outra decisão: voltar para a Paraíba, dessa vez para morar em João Pessoa, onde permanece até hoje. A saída do chamado “eixo Rio-São Paulo” não prejudicou a carreira da atriz. Pelo contrário. Ela passou a ter oportunidades que lhe interessavam mais e se tornou uma queridinha de realizadores nordestinos. Voltou a trabalhar com o cearense Karim em “O céu de Suely” (2006). Com os pernambucanos Cláudio Assis, Camilo Cavalcante e Lírio Ferreira fez “Baixio das bestas” (2006), “A história da eternidade” (2014) e “Acqua movie” (2019), respectivamente.

Com essa leva de filmes com cineastas nordestinos, vieram mais projetos na TV e no streaming, agora, também centrados no Nordeste, com personagens fortes e complexos, como na minissérie “A pedra do reino” (2007), de Luiz Fernando Carvalho, as novelas “Velho Chico” (2016), de Benedito Ruy Barbosa, e “Guerreiros do Sol” (2025), de George Moura e Sergio Goldenberg, e a série “Cangaço novo” (2023), de Mariana Bardan e Eduardo Melo.

Marcélia Cartaxo, de "A hora da estrela" e "Pacarrete" — Foto: Divulgação/Leo Lara/Universo Produção
Marcélia Cartaxo, de “A hora da estrela” e “Pacarrete” — Foto: Divulgação/Leo Lara/Universo Produção

Em 2019, Marcélia estrelou outro grande sucesso de sua trajetória: “Pacarrete”, do diretor cearense Allan Deberton. O longa rendeu a ela os troféus de melhor atriz no Festival de Gramado e no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. A atriz acabou desenvolvendo uma relação de amizade com o cineasta, que decidiu que seu próximo projeto será inspirado na vida dela, que interpretará sua mãe na produção.

— É difícil não se apaixonar pela Marcélia. Carismática e excelente atriz, atua com profundidade rara. Fomos muito felizes em “Pacarrete” e estamos ansiosos pelo próximo projeto juntos: “A garota da Paraíba” — conta Deberton. — Livremente inspirado na trajetória dela, será um filme que também fala sobre arte, o cinema, os sonhos de uma menina-atriz. O novo projeto é desejado já há algum tempo e agora está tomando forma.

Marcélia Cartaxo em cena de "Pacarrete" — Foto: Divulgação
Marcélia Cartaxo em cena de “Pacarrete” — Foto: Divulgação

O cineasta espera iniciar as filmagens do longa no final de 2026. Antes disso, a atriz já está com a agenda comprometida. No início do próximo ano, ela deve rodar o novo filme do diretor baiano Sérgio Machado, de “Cidade Baixa” (2005). Em “Eternamente sua”, Marcélia interpretará uma assassina em série em trama com Bruno Gagliasso descrita pelo diretor como uma espécie de “vingança de Macabéa” (em referência à sofrida protagonista de “A hora da estrela”).

Também em 2026, ela lançará a segunda temporada de “Cangaço novo” e o longa “Sobre Dora e dores”, de Kaká Nogueira e Bell Gama, além de ter planos para dirigir um longa-metragem.

— Já dirigi três curtas bem artesanais. Depois que voltei para a Paraíba, comecei a estudar cinema e experimentar coisas diferentes. Tenho planos para dirigir longas e estou esperando o resultado de alguns editais — conta Marcélia, que também dedica parte de seu tempo a oficinas de atores e preparações de elencos.

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