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‘Milagre’ da queda da inflação de Milei esconde distorções nos índices de preços da Argentina

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março 20, 2025
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Os argentinos continuam lutando contra o aumento dos custos de itens básicos, como o transporte — Foto: Bloomberg

Todas as manhãs, o típico argentino compra um jornal, acende um cigarro e, então, enquanto folheia as páginas e traga o cigarro, pega o telefone fixo pendurado na parede para fazer uma ligação. Bem, pelo menos é isso que os estatísticos do governo em Buenos Aires querem que você acredite. Cigarros, jornais e telefones fixos ainda são componentes-chave do índice de preços ao consumidor do país atualmente.

Por isso, há cada vez mais pedidos para que o governo do presidente Javier Milei reformule o índice pela primeira vez em duas décadas, descartando itens obsoletos e adicionando outros que se tornaram essenciais no dia a dia, como, por exemplo, o iPhone ou assinaturas da Netflix.

A maioria dos economistas acredita que um índice reformulado revelaria que a inflação é maior do que os atuais 2,5% mensais. Diversos estudos indicam isso, e índices compilados por cidades e províncias, incluindo Buenos Aires, frequentemente apresentam taxas superiores à medição nacional.

Até o chefe do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec) reconheceu no ano passado que o índice precisa ser atualizado. Mas, seis meses depois, nada mudou.

Para Milei e sua equipe econômica, uma atualização pode ser problemática, especialmente antes das eleições legislativas de outubro. No papel, seu progresso é impressionante: a inflação anual foi de 66,9% em fevereiro, bem abaixo dos 276,2% registrados um ano antes, segundo o INDEC. Mas, mesmo em queda, inflação fechou 2024 perto de 120%.

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Por isso, fazer algo que possa comprometer sua vitória contra a inflação — o principal fator por trás de sua surpreendente popularidade — deixa Milei hesitante. Além disso, um novo índice poderia resultar em pagamentos mais altos dos títulos atrelados à inflação, uma das principais fontes de financiamento do governo.

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  • No passado, manipulação de estatísticas
      • ‘Milagre’ da queda da inflação de Milei esconde distorções nos índices de preços da Argentina

No passado, manipulação de estatísticas

Na Argentina, onde a inflação descontrolada tem sido uma constante por décadas, a população tende a desconfiar dos dados oficiais, em parte por um escândalo ocorrido há uma década, quando o governo ordenou que funcionários do Indec manipulassem os números da inflação. E, apesar do alívio com a recente desaceleração, muitos acreditam que os preços estão subindo mais rápido do que os dados indicam.

— A inflação está caindo, mas os preços continuam subindo — diz Ángel Santos, 66 anos, zelador de um prédio em Buenos Aires.

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Santos sente o impacto no bolso, com os custos aumentando para praticamente tudo o que consome: transporte, roupas, carne, ovos e laticínios.

— Alguns produtos e materiais de construção estabilizaram, mas tudo o que eu preciso continua subindo. E já há medicamentos que não consigo mais pagar — diz ele.

Apesar dos esforços de Milei para conter a inflação, os preços altos continuam sendo uma das maiores preocupações dos argentinos, segundo uma pesquisa recente da Atlas Intel. Cerca de 42% dos entrevistados consideram a inflação o maior problema do país, o que indica que a crise do custo de vida está longe do fim.

Os argentinos continuam lutando contra o aumento dos custos de itens básicos, como o transporte — Foto: Bloomberg

Sindicatos de trabalhadores dos setores público e privado afirmam que a “inflação real” está entre 10 e 22 pontos percentuais acima dos números oficiais.

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O diretor do Indec, Marco Lavagna, anunciou em setembro que a cesta de consumo seria atualizada dois meses depois.

– Estamos na fase final de testes. Precisamos ter muito cuidado com o momento da mudança – disse Lavagna à rádio local Radio 10 na época. – Mas não vai mudar tanto assim.

A Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA) desenvolveu seu próprio cálculo, utilizando a ponderação da última pesquisa do Indec em 2017, mas com informações de preços diferentes. Segundo essa fórmula, a inflação deveria ser 10 pontos percentuais maior do que a taxa oficial.

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Outro problema crucial é a sub-representação dos serviços na cesta de consumo. Enquanto alimentos e serviços públicos têm um peso significativo no índice, a baixa participação de serviços essenciais, como saúde privada, educação e assinaturas digitais, não reflete com precisão os padrões de consumo.

— Houve uma melhora no poder de compra de 2004 até hoje, o que levou os argentinos a consumirem mais serviços em relação aos alimentos — afirma Mariana González, economista e pesquisadora da CTA.

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Os preços de aluguéis, serviços públicos, telefonia móvel e transporte público subiram mais do que os preços dos alimentos nos primeiros 15 meses do governo Milei, mas, juntos, esses quatro itens ainda têm um peso menor no índice do que os mantimentos.

Enquanto os preços de itens ultrapassados, como tabaco e jornais impressos, acompanharam a inflação geral em 69% em fevereiro, os aluguéis subiram 240% e o custo da internet aumentou quase 100% em um ano, segundo dados do Indec.

O plano de Lavagna para conduzir uma nova pesquisa de gastos domiciliares envolvia revisar a metodologia usada pela Argentina para medir a inflação. A ideia era alinhar as práticas do país com as de outras nações, seguindo recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial para realizar essas pesquisas a cada cinco anos.

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O chefe do Indec, que não respondeu a um pedido de entrevista, prometeu que a nova metodologia incluiria cerca de 500 mil preços, em vez dos 320 mil atuais, e 24 mil informantes. Lavagna também sugeriu mudanças na estrutura da amostra e na ponderação de bens e serviços, focando nos hábitos de consumo mais recentes.

No entanto, o plano nunca avançou. Analistas alertam que, sem uma cesta de consumo atualizada, os dados oficiais da inflação na Argentina continuarão distantes da realidade.

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