Autoridades, especialistas e representantes do setor privado discutiram quais são os estímulos e instrumentos financeiros adequados para promover negócios sustentáveis na Amazônia no seminário “Preservação de florestas e bioeconomia: os caminhos para mitigar a crise climática”, realizado na semana passada, em Brasília. Foi o quarto do projeto COP30 Amazônia, promovido pelos jornais O GLOBO e Valor e pela rádio CBN.
Gigantes internacionais, Vale e Philip Morris demonstraram no seminário como o setor privado pode atuar na área ambiental. Executivos das duas companhias falaram de iniciativas de conservação e restauração de ecossistemas que mobilizam cadeias produtivas da bioeconomia para cumprir compromissos voluntários de descarbonização.
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A Vale atua há quatro décadas na Floresta Nacional de Carajás, em torno de seu maior complexo de mineração, no Pará. Tem 800 mil hectares de floresta protegida em parceria com o ICMBio, cinco vezes a área da cidade de São Paulo.
As operações da mineradora ocupam só 3% da área, contou Grazielle Parenti, vice-presidente executiva de Sustentabilidade da Vale. O resto é dedicado à conservação e à pesquisa ambiental. A Vale investiu mais de R$ 1 bilhão em ações de proteção, ciência e cultura em dez anos e quer neutralizar suas emissões até 2050.
Carajás abriga mais de três mil espécies de animais e plantas e 11 mil nascentes. Para garantir a segurança dessa biodiversidade, a empresa mantém ali guardas florestais que atuam na prevenção e combate a atividades ilegais. Entre 2021 e 2024, 662 tentativas de garimpo, caça e extração de madeira foram frustradas, diz a Vale.
A mineradora ainda se comprometeu a recuperar 100 mil hectares degradados e proteger outros 400 mil até 2030. Diz que metade do objetivo já foi alcançado com R$ 430 milhões do Fundo Vale, criado há 16 anos para apoiar negócios sustentáveis, aplicados em 146 iniciativas que recuperaram mais de 18 mil hectares na Amazônia e em outros biomas.
Entre os projetos apoiados estão Belterra, que desenvolve sistemas agroflorestais para a produção de cacau à sombra da selva, e o SustentaBio, parceria com o ICMBio que investirá R$ 24 milhões até 2027 para fortalecer cadeias produtivas em reservas extrativistas, com foco em produtos como a castanha.
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No evento, Grazielle Parenti observou a importância de financiar atividades de recuperação de vegetação, mais difíceis que a preservação da mata em pé:
— A restauração é complexa, é cara, leva tempo, precisa de ciência, tecnologia e monitoramento constantes.
Uma das maiores companhias de tabaco do mundo, a Phillip Morris Brasil desenvolve o Perfect Forest, projeto que será implementado no Sul do país, em 6 mil hectares de Mata Atlântica. O plano é criar uma floresta nova, do zero, com características 100% naturais, conciliando benefícios ambientais e empresariais.
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O projeto combina espécies nativas e de rápido crescimento. Ainda é embrionário e deve levar 20 anos para atingir a maturidade, mas foi mencionado pelo CEO da empresa, Branko Sevarlic, no seminário:
— Construir uma floresta é mais viável economicamente que destruí-la — resumiu Sevarlic, no brand talk conduzido pelo jornalista Arthur Rosa.
No longo prazo, a empresa pretende certificar a geração de créditos de carbono e medir o impacto social e ambiental do projeto, que integra o plano global da Phillip Morris para atingir desmatamento líquido zero até 2030 e ampliar soluções baseadas na natureza.