A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Ministério dos Transportes do Governo Federal assinaram, na quinta-feira (2), o contrato de concessão da BR-040 (Rio-Juiz de Fora) com a empresa vencedora do leilão para a administração da via, a Elovias, que deve assumir po trecho em até 30 dias. O novo preço do pedágio ficará ente R$ 17 e R$ 18 e deve começar a valer a partir do dia 29 de outubro. A tarifa atual é de R$ 14,50.
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O acordo prevê R$ 8,8 bilhões em investimentos ao longo de 30 anos e a retomada de obras aguardadas há décadas. Entre elas, a duplicação da Serra de Petrópolis, que ampliará de quatro para seis as faixas de rolamento, e a conclusão do túnel interrompido em 2016, que encurtará em cinco quilômetros a ligação entre Rio e Petrópolis e desviará parte do tráfego pesado.
Além das obras estruturais, a concessão inclui faixas adicionais, ciclovias, túneis, passarelas, pontos de ônibus, áreas de escape e um Ponto de Parada e Descanso para caminhoneiros.
— Nosso papel é fiscalizar e garantir que cada obrigação contratual seja cumprida. Esse projeto é da sociedade e nosso compromisso é entregar infraestrutura moderna, tecnologia e tarifas justas — disse o diretor-geral da ANTT, Guilherme Theo Sampaio.
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O contrato cobre 218,9 quilômetros de rodovia, entre Juiz de Fora (MG) e o Trevo das Missões, no Rio de Janeiro, além da BR-495, em Itaipava (RJ). O trecho, que recebe diariamente mais de 49 mil motoristas, é estratégico tanto para o escoamento de cargas em Minas Gerais e Centro-Oeste quanto para o turismo da Região Serrana fluminense, conforme explicou o ministro dos Transportes, Renan Filho.
— Hoje, a BR-040 começa a escrever uma nova história. Vamos devolver qualidade de vida e segurança a todos que utilizam essa rodovia tão importante para o Brasil — afirmou.
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As obras vão gerar cerca de 72 mil empregos diretos e indiretos, beneficiando a economia de pelo menos 10 municípios, como Juiz de Fora, Três Rios, Petrópolis, Duque de Caxias e o próprio Rio de Janeiro.
— A Serra de Petrópolis, que sempre foi um gargalo, vai finalmente ganhar a infraestrutura que precisa. Isso significa mais desenvolvimento, mais turismo e, principalmente, mais qualidade de vida para nossa população — celebrou o prefeito de Petrópolis, Hingo Hammes.
A BR-040 foi a primeira rodovia pavimentada do país. Inaugurada em 1928, já ligava o Rio à cidade imperial como Estrada União e Indústria, inaugurada por Dom Pedro II.
A via é um dos mais importantes corredores logísticos do país para escoamento de bens e serviços entre o Rio e Minas Gerais, além de fomentar o turismo em Petrópolis. A concessão, de 30 anos, vai requerer investimentos de R$ 5 bilhões, segundo o Ministério dos Transportes, além de mais R$ 3 bilhões em custos operacionais.
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O ministério estabeleceu como critério para escolher o vencedor a empresa que oferecesse o maior desconto sobre a tarifa de pedágio. De acordo com a pasta, durante a concessão, o valor só poderá aumentar com a entrega de obras importantes, como a Nova Subida da Serra de Petrópolis.
Atualmente, a rodovia é administrada pela Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora-Rio de Janeiro (Concer), da Triunfo. A concessão venceu em 2021, mas a Concer conseguiu, por meio de decisões judiciais, continuar operando a rodovia. Isso porque a empresa esperava receber um adicional para viabilizar a nova pista da serra. O Governo Federal havia se comprometido a aportar recursos para a realização da obra, mas, segundo a Concer, os pagamentos não foram feitos na totalidade. Isso provocou um desequilíbrio financeiro nas contas da concessionária, que entrou em recuperação extrajudicial em 2017.
Motoristas que passam diariamente pela rodovia reclamam da falta de manutenção das pistas e também pedem uma rápida intervenção. Ao longo dos dois sentidos, são diversos os pontos com remendos feitos com asfalto na pista de concreto. O material não resiste ao tráfego pesado e logo começa a “esfarelar”. O ladrilheiro Thiago Santos, que todos os meses sobe a serra para Petrópolis, reclama do traçado e da manutenção da pista.
Na descida, na altura dos quilômetros 39 e 40, são tantos os remendos que a sensação do motorista é de estar passando por uma rua de paralelepípedos, e não em uma rodovia federal. Ali próximo ficam “esqueletos” da Nova Subida da Serra, abandonada desde 2016. Pilares de concreto para viadutos estão com vergalhões expostos à ação do tempo e com mato crescendo em volta. Novos trechos da pista também já têm vegetação onde deveriam estar passando veículos. Já o grande túnel, uma das marcas do projeto, mais lembra uma caverna do que uma obra complexa de engenharia.