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O que está por trás da taxa de visto de trabalho de US$ 100 mil criada por Trump? Perda de vagas

BRCOM by BRCOM
outubro 4, 2025
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Kevin Lynn trabalha há anos para limitar vistos para trabalhadores estrangeiros qualificados — Foto: Greg Kahn/The New York Times.

Antes da eleição presidencial do ano passado, Kevin Lynn havia passado sete anos, em grande parte infrutíferos, tentando impedir que empresas dos Estados Unidos dependessem fortemente de trabalhadores estrangeiros para ocupar cargos administrativos e técnicos.

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O grupo de defesa que Lynn lidera, atualmente chamado Instituto para Políticas Públicas Razoáveis (Institute for Sound Public Policy, em inglês), ocasionalmente ganhava destaque. Uma campanha publicitária em estações e trens de transporte público em São Francisco gerou alguma atenção da mídia — em grande parte negativa — e ele conseguiu pressionar o então presidente Donald Trump a impedir que a Autoridade do Vale do Tennessee terceirizasse cerca de 200 empregos na área de tecnologia.

Mas, na maior parte do tempo, o resultado foi silêncio. Mesmo um esforço inicial de Trump durante o primeiro mandato não teve muito impacto.

Então, de repente, o tema voltou ao centro das atenções, culminando na decisão de Trump, no mês passado, de cobrar das empresas uma taxa de US$ 100 mil por cada visto H-1B usado para contratar um trabalhador qualificado do exterior.

— Nossas vozes estão sendo ouvidas — disse Lynn em uma entrevista. —Algumas estão realmente repercutindo agora.

Kevin Lynn trabalha há anos para limitar vistos para trabalhadores estrangeiros qualificados — Foto: Greg Kahn/The New York Times.

O que explica essa súbita repercussão? Parte dela vem da forte militância de alguns dos apoiadores mais leais de Trump, como a ativista de extrema direita Laura Loomer, que ajudou a destacar o tema após a eleição. Loomer mencionou o grupo de Lynn, cuja retórica também segue a linha do “América em primeiro lugar” (“America First”, em inglês).

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Mas talvez o fator mais importante seja o mercado de trabalho. Embora os estrangeiros com diploma universitário representem uma pequena parcela da força de trabalho total, eles compõem uma proporção significativa dos profissionais da área de computação — cerca de um em cada cinco dos aproximadamente 2,3 milhões de desenvolvedores de software do país, segundo dados do censo.

Por muito tempo, esses trabalhadores estrangeiros não pareciam representar uma grande ameaça às perspectivas de emprego dos americanos. Mas, como as empresas de tecnologia demitiram dezenas de milhares de pessoas desde 2022 e a taxa de desemprego nas áreas de computação disparou, especialmente entre recém-formados, o tema passou a ganhar destaque.

— Houve uma série de demissões nesse período — disse Stephen Schutt, desenvolvedor de software que tem colaborado com Lynn na defesa de mudanças no visto H-1B e em programas relacionados. — Nós vemos como tudo isso é abusado, o risco para o sistema como um todo — como, se isso continuar, há uma chance real de que pessoas nascidas nos Estados Unidos não consigam mais emprego.

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  • Perda dos empregos básicos de programação
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Perda dos empregos básicos de programação

A justificativa declarada para o programa de vistos H-1B é ajudar os empregadores quando têm dificuldade em preencher vagas que exigem determinadas habilidades especializadas. No entanto, muitas empresas há muito tempo dependem do programa para funções rotineiras e com abundância de mão de obra, segundo Ronil Hira, professor de ciência política na Universidade Howard. Essa prática parece ser comum nas áreas relacionadas à computação.

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Embora os empregadores possam usar os vistos para cargos tão variados quanto médicos e modelos de moda, quase dois terços das solicitações de H-1B aprovadas no último ano fiscal foram em áreas de tecnologia da informação, de acordo com dados federais. O salário mediano dos cargos para os quais as empresas buscaram solicitações iniciais de H-1B foi pouco acima de US$ 100 mil, aproximadamente o mesmo que a mediana de todos os empregos de computação e TI nos Estados Unidos.

O trabalhador típico da área de computação que participa do programa H-1B para o setor privado “está realizando tarefas que ficam na interseção entre programação básica e suporte técnico”, disse Kirk Doran, economista da Universidade de Notre Dame.

Doran e outros economistas geralmente concordam que, mesmo com essa diferença entre a finalidade declarada do programa H-1B e seu uso real, o visto ainda representa um benefício líquido para a economia dos EUA.

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Um estudo recente comparou empresas que ganharam a loteria para obter um visto H-1B com empresas que perderam. Constatou que as empresas perdedoras empregaram menos trabalhadores nativos, o que sugere que o programa ajuda a criar empregos para mais pessoas além do titular do visto.

Mas os estudos também indicam que determinadas categorias de trabalhadores — especialmente aqueles com experiência e habilidades semelhantes às dos detentores de visto H-1B — acabaram sendo prejudicadas.

— Os trabalhadores nativos mais parecidos com os portadores do visto H-1B são justamente os que tendem a perder com o programa — disse Jennifer Hunt, economista especializada em imigração na Universidade Rutgers.

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Enquanto o emprego na indústria de tecnologia crescia rapidamente, isso não parecia ser uma grande fonte de preocupação. Havia empregos suficientes para todos, mais ou menos. Apenas 85.000 vistos H-1B estão disponíveis por ano para empresas privadas; eles têm duração de três anos, podendo ser renovados uma vez.

Mas, à medida que o setor começou a eliminar postos de trabalho nesta década, vários trabalhadores de tecnologia disseram, em entrevistas, que a mão de obra estrangeira se tornou uma preocupação crescente.

Um funcionário especializado em design de interfaces de usuário, que pediu anonimato por temer prejudicar suas perspectivas profissionais, disse que seu departamento, com cerca de cinco pessoas, foi eliminado por seu empregador em 2024. No mesmo ano, a empresa solicitou cerca de uma dúzia de vistos H-1B, segundo registros federais.

O funcionário, que apresentou uma denúncia de discriminação por origem nacional à Comissão de Igualdade de Oportunidades de Emprego (EEOC, na sigla em inglês), afirmou que as contratações via H-1B pareciam trabalhar nos mesmos projetos em que ele havia atuado. Ele levou mais de seis meses para encontrar um novo emprego.

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Um segundo trabalhador, engenheiro de aprendizado de máquina, também sob anonimato, disse ter sido demitido três vezes de cargos na região de Dallas-Fort Worth, entre 2020 e 2024. Em todas as três demissões, contou, o padrão foi o mesmo: foi informado de que um contratado com visto H-1B assumiria as tarefas mais básicas, para que ele pudesse focar em trabalhos mais complexos. Em cada caso, foi dispensado em cerca de 60 dias após conhecer o contratado.

Vários trabalhadores expressaram frustração com empresas americanas que terceirizam serviços para grandes consultorias como Tata e Infosys. Essas companhias solicitam milhares de vistos H-1B todos os anos, segundo registros federais.

Mesmo defensores do uso de vistos para trabalhadores estrangeiros qualificados afirmam que essas empresas frequentemente abusam do programa H-1B, embora alguns especialistas argumentem que a nova diretriz de Trump pode agravar o problema.

Lynn atribui ao enfraquecimento do mercado de trabalho o fato de a questão dos vistos H-1B ter entrado no radar político.

— Em agosto, quando os legisladores voltaram aos seus distritos durante o recesso, várias pessoas me disseram que seus eleitores estavam perguntando: ‘Por que meu filho não consegue um emprego? E por que há tantos indianos?’ — contou ele.

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Filho de um antigo membro sindical, Lynn apoiou Howard Dean nas primárias presidenciais de 2004 e mais tarde atuou como voluntário no comitê de ação política de Dean, o Democracy for America. No entanto, ele se afastou do Partido Democrata durante o primeiro mandato do presidente Barack Obama, quando sentiu estar em minoria diante dos defensores da imigração liberalizada.

Desde então, Lynn não se encaixa perfeitamente em nenhuma das coalizões políticas. Suas críticas ao uso de trabalhadores estrangeiros por parte das empresas costumam ser aplaudidas pelos nacionalistas apoiadores de Trump, mas podem soar grosseiras para pessoas de esquerda.

Em dezembro, Lynn foi um dos primeiros, na plataforma X (antigo Twitter), a apontar que um capitalista de risco escolhido por Trump para ser assessor da Casa Branca era favorável ao aumento da “imigração qualificada”. Laura Loomer mencionou o grupo de Lynn ao comentar o assunto, o que desencadeou uma explosão nas redes sociais, colocando importantes apoiadores de Trump da indústria de tecnologia contra céticos da imigração igualmente ligados a ele.

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Declarações fiscais mostram que o grupo de Lynn costuma receber algumas centenas de milhares de dólares por ano de uma fundação que financia organizações defensoras de limites mais rigorosos à imigração. No entanto, mesmo entre os favoráveis às restrições da imigração, o tema da mão de obra qualificada raramente tem sido prioridade.

Lynn argumenta que os vistos H-1B são apenas uma parte de um sistema falho que permitiu que trabalhadores estrangeiros de tecnologia substituíssem americanos.

Outro alvo frequente de suas críticas é o chamado processo de certificação permanente de trabalho, conhecido como PERM, no qual as empresas patrocinam trabalhadores estrangeiros para obter residência permanente, geralmente após eles entrarem no país com vistos H-1B.

Pelo programa, os empregadores devem comprovar que não conseguiram encontrar um trabalhador americano para ocupar o cargo. Mas os críticos afirmam que as empresas apenas cumprem formalidades, sem qualquer intenção real de contratar um cidadão norte-americano, já que já têm um trabalhador estrangeiro em mente.

Alguns grandes empregadores, incluindo Facebook e Apple, encerraram processos judiciais ou investigações federais relacionados a acusações desse tipo nos últimos anos.

Schutt, o profissional de tecnologia que tem defendido o controle de programas como o H-1B, faz parte de uma rede informal que busca chamar atenção para o programa PERM, em parte candidatando-se às vagas desse tipo. Ele estima já ter se inscrito em mais de mil anúncios que exibiam sinais típicos de uma vaga PERM — como anúncios publicados apenas em jornais impressos — e nunca recebeu uma oferta.

“É uma dinâmica estranha, porque eu sei que nunca serei realmente considerado, já que não se trata de uma vaga real”, disse ele por e-mail.

Alguns trabalhadores têm preocupações mais urgentes. Alexander Karinsky, profissional de TI de longa data em Nova York, que foi demitido da empresa de marketing WPP em 2023 e substituído por um grupo de trabalhadores em Bangladesh, afirmou que a experiência foi “um dos eventos mais chocantes da minha vida”. No entanto, ele disse que restringir os vistos H-1B não impediria multinacionais como seu antigo empregador de simplesmente contratar trabalhadores no exterior.

Lynn argumenta que todas essas questões estão interligadas:

— A globalização é o tronco da árvore, e a terceirização, a subcontratação e os vistos H-1B são os galhos.

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