A Petrobras vai qualificar 20 mil profissionais até 2028, no programa Autonomia e Renda. Voltado exclusivamente para pessoas em situação de vulnerabilidade social que moram próximas às operações da petrolífera, o programa será implementado em sete estados. O foco são grupos subrepresentados, como mulheres, pretos e pardos, pessoas com deficiência, pessoas trans, refugiados e integrantes de comunidades tradicionais.
Segundo a gerente de Projetos Sociais da Petrobras, Marcela Souza Levigard, o programa é resultado de escuta comunitária e do olhar para o negócio: “Mão de obra qualificada é um desafio, e do outro lado há comunidades que querem saber como serão beneficiadas por esses investimentos.”
Marcela participou da terceira edição do evento Diálogos para uma Transição Energética Justa, na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, que teve como tema “Por que a dimensão justa é fundamental?”.
O debate foi dividido em dois painéis: O Desafio de uma Transição Energética Justa no Brasil e o Papel Estratégico da Petrobras; e A Energia que Transforma: Sustentabilidade, Inclusão e Geração de Renda. O evento foi realizado no dia 1 de outubro pela Editora Globo, com apoio da Petrobras.
Na abertura, Angélica Laureano, diretora de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, lembrou que o Brasil tem uma matriz energética das mais limpas do mundo e está avançando nas energias limpas e sustentáveis.
“Políticas adequadas qualificam o Brasil como liderança na transição energética justa. A Petrobras, que é a maior empresa de energia do país, ocupa papel central nessa missão. A empresa produz um dos petróleos mais descarbonizados do mundo, garantindo segurança energética ao país, sem perder o foco na sustentabilidade”, disse Angélica.
O diretor técnico do Centro Brasil no Clima, William Wills, destacou o vetor social da transição energética justa, que, segundo ele, no caso brasileiro, não pode deixar de considerar a desigualdade econômica.
“No Brasil, onde o cenário de pobreza energética é crítico, promover a transição de forma a resgatar parte da população sem acesso ou capacidade de consumo é um desafio fundamental”, afirma a gerente de Descarbonização do Portfólio, Cadeia de Valor e Produtos da Petrobras, Raquel Coutinho.
Ao todo, a Petrobras prevê investir R$ 1,5 bilhão na área de Responsabilidade Social, até 2029. Esse investimento faz parte do plano de negócios e é definido a partir do diagnóstico dos territórios, com avaliação de potencialidades e desafios dos projetos. Relacionada à transição energética, a dimensão justa vem sendo implementada a partir da integração dessa agenda com as estratégias de direitos humanos, por meio de três frentes principais: a promoção da equidade, conjugada à participação social e à prevenção de riscos, segundo a gerente de Direitos Humanos da empresa, Juliana Ramos.
No Autonomia e Renda, a Petrobras foca em cursos de formação inicial e continuada para quem tem o diploma de 5º ano do Ensino Fundamental, e em cursos técnicos para quem tem o Ensino Médio. Os alunos recebem uma bolsa-auxílio para dedicarem de três a quatro horas do dia aos estudos. Mulheres com filhos de até 11 anos de idade recebem um valor 30% maior. Até hoje, cerca de 1,2 mil profissionais já foram qualificados.
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“O programa traz a qualificação necessária para que haja ampliação das oportunidades de emprego”, ressaltou Eliane Damasceno, gerente de Projetos Integrados em Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
A transição energética justa é também ecológica, na visão do gerente de Projetos Ambientais da Petrobras, Gregório Araújo Maciel. Ele lembra que oceanos, manguezais e florestas, sobretudo as tropicais, absorvem e geram estoques de volumes expressivos de carbono.
Programa na Bahia protege a Mata Atlântica
No Recôncavo Baiano, a Petrobras patrocina o programa Fogão do Mar, do Instituto Perene, no qual fogões a lenha são substituídos por equipamentos ecoeficientes. A ideia é reduzir o consumo de lenha e diminuir a pressão sobre a Mata Atlântica.
“O primeiro intuito é a transferência da tecnologia. Mas o projeto chega também com força por deixar renda e oportunidade de trabalho formal”, diz Guilherme Valadares, diretor executivo do Instituto Perene, que atua em projetos de conservação da Mata Atlântica e do Cerrado.