Um piloto da Força Aérea da Ucrânia morreu após perder o controle de seu caça F-16 durante uma operação de defesa contra um ataque maciço da Rússia. Segundo autoridades militares ucranianas, o incidente ocorreu durante a madrugada deste domingo, quando forças russas lançaram uma ofensiva aérea considerada uma das maiores desde o início do conflito.
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De acordo com relatos oficiais divulgados pela agência de notícias Reuters, o piloto estava operando um F-16, aeronave de combate moderna fornecida por países aliados ocidentais, e havia conseguido abater sete alvos aéreos russos, incluindo drones e mísseis.
Após destruir o último alvo, porém, o caça foi atingido e sofreu danos severos, passando a perder altitude rapidamente.
“O piloto utilizou todas as suas armas de bordo e abateu sete alvos aéreos. Ao abater o último, sua aeronave foi danificada e começou a perder altitude”, publicou a Força Aérea no aplicativo de mensagens Telegram.
Ainda segundo a Reuters, o militar tentou conduzir a aeronave para longe de áreas habitadas, mas não conseguiu acionar o assento ejetor a tempo e morreu no acidente.
Esta é a terceira perda de um F-16 pelas forças ucranianas desde o início da guerra. Os caças são considerados recursos estratégicos escassos e fundamentais para tentar contrabalançar a superioridade aérea russa.
A ofensiva russa envolveu o disparo de 477 drones — muitos usados como bombas kamikaze ou em operações de reconhecimento — além de 60 mísseis de diferentes tipos, em uma ação coordenada contra várias regiões da Ucrânia. Segundo o comando militar de Kiev, as defesas aéreas conseguiram derrubar 211 drones e interceptar 38 mísseis. Apesar do esforço, parte significativa dos armamentos conseguiu atingir seus alvos.
Ataques aéreos foram registrados em ao menos seis localidades ucranianas ao longo da madrugada. O governo ucraniano classificou a ação como uma escalada preocupante da campanha militar russa e voltou a solicitar o envio de equipamentos adicionais de defesa antiaérea por parte dos aliados.
Além disso, pelo menos sete civis ficaram feridos nos bombardeios. Na região de Cherkasy, no centro da Ucrânia, seis pessoas, entre elas uma criança, foram atingidas, conforme informações da polícia ucraniana divulgadas no Telegram. Mais a oeste, na região de Ivano-Frankivsk, longe da linha de frente, uma mulher ficou ferida e precisou ser hospitalizada, segundo a responsável regional Svitlana Onyshchuk.
A cidade de Pokrovsk, no Leste da Ucrânia, tornou-se o novo foco das operações militares russas, segundo autoridades ucranianas. Localizada na região de Donetsk, a cidade estratégica está sendo alvo de um esforço concentrado das forças de Moscou, que já posicionaram cerca de 110 mil soldados nos arredores, de acordo com o comandante das Forças Armadas da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi.
— A área de Pokrovsk é atualmente o ponto mais crítico da linha de frente — afirmou Syrskyi na sexta-feira, referindo-se à linha de frente de 1,2 mil quilômetros que se estende pelo leste do país.
Pokrovsk não é uma cidade de grande porte — tinha cerca de 60 mil habitantes antes da guerra —, mas ocupa posição vital na malha logística ucraniana, por onde passam uma rodovia e uma ferrovia que ligam a cidade a centros militares como Kostiantynivka, Kramatorsk e Sloviansk. Juntas, essas localidades formam a base da defesa de Kiev na parte da região de Donetsk ainda sob controle ucraniano.
A ofensiva russa na cidade se arrasta há quase um ano, com sucessivas tentativas de ruptura que até agora fracassaram. Apesar da superioridade numérica em tropas e armamentos, Moscou não conseguiu conquistar Pokrovsk. Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), centro de análise militar com sede nos Estados Unidos, a resistência ucraniana tem forçado a Rússia a rever sua estratégia.
O instituto observou que os ucranianos passaram a integrar drones como parte essencial de sua tática de combate, sincronizando os operadores aéreos com as tropas em solo. A mudança teria inviabilizado um ataque frontal, levando os russos a tentar cercar a cidade pelos flancos sul e nordeste. Atualmente, segundo o ISW, os combates envolvem pequenos grupos de soldados russos, às vezes duplas, que utilizam motocicletas, veículos off-road e buggies para realizar incursões relâmpago.
— A captura de Pokrovsk, anunciada pelo inimigo ainda em setembro de 2024, ainda não aconteceu, em parte graças à nossa operação em Kursk — disse Syrskyi, em referência à incursão surpresa de tropas ucranianas no território russo, que teria obrigado Moscou a deslocar 63 mil soldados e cerca de 7 mil militares norte-coreanos para conter o avanço.