O perfil oficial do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) de São José do Rio Preto (SP) publicou um vídeo em que policiais militares aparecem com os braços estendidos, num gesto semelhante à saudação utilizada por nazistas. As imagens, que foram apagadas após repercussão negativa, mostram ainda uma trilha de velas e uma cruz em chamas, o mesmo símbolo antes adotado em celebrações do grupo supremacista Ku Klux Klan.

Ao portal “g1”, integrantes da corporação afirmaram que a cerimônia exibida no vídeo tinha como objetivo representar simbolicamente a superação dos limites físicos e psicológicos enfrentados, mas que em nenhum momento houve intenção de associar a ideologias políticas, raciais ou religiosas.

PM de São Paulo publica vídeo com cruz em chamas

A PM afirmou, em nota, que instaurou um procedimento para “investigar as circunstâncias relativas ao caso”. Disse que a corporação “é uma instituição legalista e repudia toda e qualquer manifestação de intolerância”. “A Polícia Militar não compactua com desvios de conduta e reforça que qualquer manifestação que contrarie seus valores e princípios será rigorosamente apurada e os envolvidos responsabilizados”, completou.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que o caso está sob investigação. Em nota, o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, disse que a promotoria local já acionou o batalhão da PM para cobrar explicações. “Comprovando-se eventual desvio de conduta, serão tomadas as medidas necessárias para punição dos agentes da Polícia Militar”, disse.

A publicação repercutiu no meio político, especialmente entre opositores ao governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) — que não havia se manifestado sobre o episódio até a publicação desta reportagem, assim como também não o fez o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. Na noite de terça-feira, o governador participou de cerimônia no Palácio dos Bandeirantes onde estava presente a cruz usada na primeira missa celebrada no Brasil, 525 anos atrás.

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) disse que o governador “premia” o que classificou como “ações indefensáveis da polícia” e que “vai esticando a corda”. A direção nacional do partido do parlamentar divulgou nota oficial, na qual diz que a postura dos policiais de São José do Rio Preto é “reforçada e incentivada” pelo governo estadual. “Já não bastassem os recorrentes casos de violência e abusos de poder, agora até divulgaram imagens fazendo saudações nazistas com símbolos da Ku Klux Klan”, lê-se no comunicado.

A também deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) disse que cobrou punição junto à Corregedoria da PM e que o vídeo “evoca símbolos de ódio, violência e racismo que jamais podem ser tolerados em uma corporação pública”. O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que o gestual dos policiais militares é “muito grave e preocupante, e também “uma afronta à sociedade”. “A polícia não deve servir a nenhum grupo político e não pode estar alinhada à grupos de extrema direita”, escreveu.

PM de São Paulo publica vídeo com cruz em chamas e gesto associado ao nazismo; MP diz que caso será investigado