Sob os afrescos pintados por Michelangelo, os 133 cardeais se isolaram na Capela Sistina, no Vaticano, para o início do conclave nesta quarta-feira. Ao entrarem, os “príncipes da Igreja” caminharam até o altar e se curvaram de frente para o “Juízo Final” de Michelangelo, que cobre toda a parede. Cada um prestou juramento para seguir as regras da votação que vai eleger o novo Papa. Ao grito em latim de “extra omnes” (todos fora), os cardeais se trancaram na Capela Sistina, onde ficarão sem contato com o mundo exterior até a escolha do próximo líder da Igreja Católica.
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O cardeal italiano, Pietro Parolin, liderou a oração final de invocação do Espírito Santo, antes das portas do conclave serem fechadas. Pela tradição cristã, Deus interage sobre a forma de Espírito Santo com os seres humanos, os inspira e os ajuda a tomar as melhores decisões. A intercessão é a garantia de que as falhas dos cardeais não determinem os caminhos futuros da Igreja.
Portas da Capela Sistina se fecham para o conclave de sucessão de Francisco
Isolados na capela nesta quarta, os cardeais começaram a votação, mas a fumaça branca que precede o “Habemus papam” não é esperada. As eleições de Bento XVI e Francisco levaram dois dias. A maioria dos cardeais estima um máximo de três; os mais pessimistas, cinco. Afinal, este é o conclave mais internacional da História, com 71 países representados.
O decano do Colégio de Cardeais, Giovanni Battista Re, oficiou uma missa pré-eleitoral na qual pediu para “manter a unidade da Igreja” diante do momento “difícil, complexo e convulsivo” que o futuro líder da Igreja Católica enfrentará.
Se ninguém obtiver a maioria necessária de dois terços, pelo menos 89 votos, para proclamar o 267º Pontífice nesta quarta-feira, os cardeais votarão quatro vezes a partir de quinta-feira: duas vezes pela manhã e duas vezes à tarde.
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Durante o processo, cada cardeal escreve o nome de seu candidato, dobra a cédula e a coloca em um prato de prata, que é usado para depositá-la em uma urna colocada em frente ao Juízo Final. As cédulas são queimadas em um fogão com a ajuda de produtos químicos: se não houver dois terços, a fumaça é preta; se houver um Papa, a fumaça é branca.
O Polymarket, uma das principais plataformas de apostas e previsões do mundo, apontou o cardeal italiano Pietro Parolin como o favorito para suceder Francisco. Às 13h30 da última segunda-feira, o Polymarket apontava 30% de chance de Parolin ser o próximo Papa; 19% para o filipino Luis Antonio Tagle; 11% para o italiano Matteo Zuppi; 9% para o também italiano Pierbattista Pizzaballa e 8% para o ganês Peter Turkson.
Os cardeais têm se reunido quase diariamente desde a morte do Papa Francisco, em 21 de abril, para se conhecerem e discutirem questões cruciais para a Igreja, como as finanças do Vaticano, o escândalo de abuso sexual, a unidade da instituição e o perfil do próximo Pontífice.