O governo interino do Peru declarou, nesta terça-feira (21), o estado de emergência em Lima e na cidade portuária vizinha de Callao para enfrentar a onda de violência e extorsões atribuída ao crime organizado.
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“O estado de emergência aprovado pelo Conselho de Ministros entra em vigor à meia-noite [de quarta-feira, 2h em Brasília] e por 30 dias na região metropolitana de Lima e em Callao”, disse Jerí, em uma breve mensagem à nação transmitida pela televisão estatal.
No dia 16, o presidente José Jerí já havia declarado a decisão do governo de lançar o dispositivo legal, diante da ação do crime organizado. Embora não admitido, o estado de emergência também servirá para conter os protestos de rua da população, revoltada não só com a violência, mas também com a classe política. As manifestações massivas deixaram um civil morto por um policial e cerca de uma centena de feridos, entre policiais e população.
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Com a decisão, o governo pode ordenar que as Forças Armadas saiam às ruas para patrulhar a cidade e colaborar com a polícia na manutenção da ordem. Também pode restringir ou suspender determinadas liberdades públicas, como o direito de reunião e a inviolabilidade do domicílio.
A capital peruana já esteve parcialmente sob estado de emergência entre março e julho passados, após o assassinato de um popular cantor por pistoleiros. Em Lima e Callao vivem mais de 10 milhões de pessoas.
“Compatriotas, a delinquência cresceu de maneira desmedida nos últimos anos, causando enorme dor a milhares de famílias e prejudicando, além disso, o progresso do país”, disse Jerí em seu pronunciamento de menos de três minutos. “Mas isso acabou, hoje começamos a mudar a história na luta contra a insegurança no Peru”, acrescentou.
A medida é a primeira ação de grande porte tomada pelo governo em quase duas semanas no poder, em um país que tem a insegurança como uma de suas principais preocupações. A insegurança pública provocou, em 10 de outubro, a destituição no Congresso da então presidenta, Dina Boluarte.
“Passamos da defensiva para a ofensiva na luta contra o crime — uma luta que nos permitirá recuperar a paz, a tranquilidade e a confiança de milhões de peruanos”, declarou, rodeado por seu gabinete ministerial.
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As manifestações lideradas por jovens resultaram, em 15 de outubro, em fortes confrontos perto da sede do Congresso. Milhares de pessoas protestaram naquele dia contra a insegurança, o Congresso e o recém-instalado governo direitista de Jerí.
Desde 2024, o Peru sofre um aumento da violência urbana, com uma onda de extorsões que colocou a insegurança como a principal preocupação da população, segundo as pesquisas.
As denúncias de extorsão passaram de 2.396 em 2023 para 15.336 em 2024 no país andino — um aumento de 540%. Lima liderou o registro, segundo dados oficiais.