Quando pensamos em viver mais, logo vêm à mente coisas como comer bem, fazer exercício regularmente, dormir direito e manter boas relações com amigos e família. Tudo isso é essencial, claro. Mas há algo mais profundo, menos palpável, que está ganhando destaque como um dos grandes segredos para uma vida longa e plena: o propósito.
Ter um motivo para levantar da cama todos os dias, um “porquê” que dá sentido à existência, é como um combustível que mantém a mente afiada e o corpo em movimento, não só aumentando os anos de vida, mas enchendo esses anos de energia e significado.
Estudos científicos têm comprovado isso em diferentes cantos do mundo. Uma pesquisa da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, por exemplo, acompanhou milhares de pessoas ao longo de anos e mostrou que quem tem um propósito claro vive com menos risco de problemas cardíacos e até de morrer mais cedo. Não é mágica: ter um sentido na vida ativa o sistema nervoso, ajuda a controlar o estresse e incentiva escolhas mais saudáveis, porque quem tem um objetivo tende a se cuidar melhor.
As chamadas Zonas Azuis, lugares com muitos centenários, como Okinawa, no Japão, ou a Sardenha, na Itália, são bons exemplos. Em Okinawa, o conceito de ikigai resume essa ideia de encontrar um motivo para viver. Na Sardenha, os mais velhos continuam sendo figuras centrais na comunidade, guiando filhos e netos. Nesses lugares, viver muito não depende só de genética ou de uma boa dieta mediterrânea — é também sobre se sentir útil, conectado, com algo a oferecer.
E o propósito não precisa ser algo grandioso. Não é sobre conquistar o mundo ou brilhar na carreira. Às vezes, está nas coisas simples: cuidar de um jardim, ajudar em um projeto comunitário, passar tempo com os netos ou até aprender algo novo, mesmo aos 80 anos. O importante é que o propósito muda com o tempo. Na juventude, pode ser construir uma profissão; na maturidade, compartilhar o que sabe; na velhice, aproveitar a sabedoria acumulada.
Do lado psicológico, ter um propósito é como um escudo contra o vazio, a ansiedade ou a depressão, que podem minar a qualidade de vida. Uma mente ocupada com algo que vale a pena fica mais curiosa, aberta, conectada — tudo isso ajuda a proteger o cérebro contra o declínio. A neurociência já mostrou que desafios intelectuais e emocionais mantêm os neurônios ativos, atrasando o envelhecimento mental.
O propósito também tem um lado social. Estar envolvido com outras pessoas, sentir que faz parte de algo maior, cria laços mais fortes e dá aquela sensação de pertencimento. E não é só questão de se sentir bem: estudos apontam que quem se engaja em causas coletivas, seja na igreja, no bairro ou em grupos culturais, tem até o sistema imunológico mais forte.
Por isso, buscar uma vida longa vai além de dieta, exercícios e consultas médicas. É, acima de tudo, olhar para dentro e se perguntar: “O que me faz seguir em frente? O que quero deixar de marca no mundo?”. A resposta não precisa ser épica, mas precisa ser verdadeira.
Ter um propósito é como ter uma bússola. Ele guia escolhas melhores, dá força para enfrentar os perrengues e mantém a esperança acesa. É o que conecta corpo, mente e coração, trazendo não só mais anos de vida, mas mais vida nesses anos.
No fim das contas, quem encontra sentido na vida descobre também razões para cuidar de si, manter hábitos saudáveis e enfrentar os desafios com garra. Viver mais vem como consequência; viver melhor é o grande prêmio.