Depois de abrir palanque em Minas para o então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, o PSD decidiu se afastar do atual titular do Palácio do Planalto para a corrida de 2026 no estado. O partido dirigido por Gilberto Kassab vai filiar o atual vice-governador mineiro Mateus Simões (Novo) para lançá-lo à sucessão estadual no ano que vem.
Simões é aliado do governador Romeu Zema e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e fez parte da chapa que derrotou em 2022 o então candidato do PSD ao governo estadual, Alexandre Kalil. Ex-prefeito de Belo Horizonte, Kalil deixou o PSD no ano passado, por discordar da montagem da chapa do partido para a eleição da capital mineira, e se filiou no início de setembro ao PDT.
O PDT acenou a Kalil com uma nova candidatura ao governo de Minas em 2026. Agora em um partido que integra a base do governo Lula, Kalil deseja atrair o voto do eleitorado mais à esquerda, mas não pretende reeditar uma campanha colada à do atual presidente, como fez em 2022.
Embora Lula tenha sido mais votado do que Bolsonaro em Minas no segundo turno de 2022, a leitura de diferentes forças políticas no estado é que uma associação muito estreita ao PT pode custar votos na corrida estadual de 2026.
No caso do PSD, a decisão de filiar Simões tende a diminuir o espaço para uma candidatura do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao governo estadual. Pacheco vinha sendo estimulado por Lula a se lançar a governador e abrir um palanque para o petista no estado em 2026.
Além de Pacheco, outro nome do PSD cotado para a próxima disputa estadual é o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que é considerado hoje um dos integrantes do governo mais próximos de Lula e da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Silveira pretende se lançar ao Senado no estado.
A filiação de Simões ao PSD deve ocorrer na última semana de outubro. A informação foi noticiada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada ao GLOBO por interlocutores do vice-governador e da cúpula do partido. Procuradas, as assessorias de imprensa do PSD e do governo de Minas disseram não haver confirmação oficial, por ora, da mudança de partido de Simões.
O embarque do vice de Zema no PSD também abre mais um palanque à direita para o partido de Kassab, que pretende endossar uma candidatura presidencial de oposição a Lula. A tendência é que o PSD ou lance o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), ou faça parte da aliança de uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ambos buscam o aval de Bolsonaro para a corrida nacional.
Em estados como Rio e Bahia, por outro lado, o PSD tende a compor palanques estaduais que estarão aliados ao PT em 2026.