quem é quem no imbróglio entre SAF do Botafogo e Eagle

• Troca de e-mails e assembleia às 23h: como John Textor teria tentado tomar da Eagle o controle total da SAF do Botafogo
• Leia também: Botafogo admite ter vendido Luiz Henrique e Igor Jesus ‘em condições desfavoráveis’ para ajudar Lyon

Presidente do Conselho da SAF do Botafogo, acionista majoritário da Eagle Holdings, dono da Eagle nas Ilhas Cayman

Empresário americano, John Textor é o rosto mais conhecido da SAF do Botafogo. Foi ele quem adquiriu o clube em 2022 e comandou sua guinada esportiva e administrativa até o título brasileiro e da Libertadores de 2024. Fundador da Eagle Football Holdings, perdeu o controle da holding em 2025, após a crise no Lyon, e passou a travar uma disputa com os demais sócios pelo controle da operação. Mesmo afastado da Eagle, Textor ainda preside o Conselho da SAF e é acusado de orquestrar uma manobra para tomar o controle total do clube. Segundo a Eagle, ele presidiu reuniões em 17 de julho nas quais aprovou a venda de uma dívida de € 150 milhões da SAF para uma empresa própria, nas Ilhas Cayman, com deságio, além de um novo empréstimo de € 100 milhões garantido por receitas futuras do clube. A acusação é que ele agiu como credor, devedor e gestor ao mesmo tempo. Para viabilizar essas medidas, Textor ignorou a nova governança da holding e assinou atas como se ainda tivesse poderes formais, o que motivou a ação judicial da Eagle.

Diretor da Eagle Football Holdings

Advogado britânico especializado em reestruturação empresarial, Christopher Mallon foi nomeado diretor independente da Eagle Football Holdings em abril de 2025, após o rompimento com John Textor. Desde então, assumiu os poderes executivos da holding, com aval dos demais sócios. Foi Mallon quem enviou o e-mail a Textor na manhã de 17 de julho, avisando sobre sua iminente remoção da administração da SAF do Botafogo. O aviso, ignorado por Textor, serviu como base para o processo que tenta anular as decisões tomadas naquele mesmo dia. Para a Eagle, como único representante legal da holding, Mallon deveria ter sido informado e participado das reuniões — o que não ocorreu.

Empresário grego e dono do Nottingham Forest

Dono do Nottingham Forest e magnata grego, Marinakis surgiu no caso Botafogo como possível investidor disposto a apoiar John Textor financeiramente em uma tentativa de recompra da SAF. Embora não esteja formalmente envolvido no litígio, seu nome ganhou relevância ao ser apontado como fonte de capital para que Textor retome o controle total do clube. Não há, até o momento, negociação para que o Botafogo integre uma rede multiclubes liderada por Marinakis, e o Nottingham Forest e os advogados do empresário negaram oficialmente qualquer conexão estrutural com o clube alvinegro ou com Textor.

CEO da SAF do Botafogo, Thairo Arruda é o executivo que assina a notificação formal enviada ao Lyon cobrando reembolsos por prejuízos sofridos em nome da “família Eagle”. Ele confirmou, por escrito, que o Botafogo vendeu jogadores em condições desfavoráveis para socorrer o clube francês, além de bancar salários de atletas emprestados. Sua atuação é central na formalização das queixas da SAF contra o OL, incluindo pedidos de ressarcimento, multas e a exposição das irregularidades que vieram à tona após o racha na holding.

Paulo Cesar Salomão Filho

Advogado de Textor e vice-presidente jurídico do Vasco

Sócio do escritório Salomão e Basílio Advogados, Salomão Filho atua como advogado de John Textor nas ações judiciais abertas no Rio de Janeiro. Curiosamente, é o mesmo profissional que liderou a ação que retirou a SAF vascaína da 777 Partners. Sua presença no caso Botafogo reforça o grau de judicialização e o peso político do embate entre os sócios da Eagle.

Jean-Michel Aulas vendeu o clube francês a John Textor e seus sócios em dezembro de 2022. Embora não atue diretamente na crise atual, seu legado é um componente relevante: o colapso financeiro do Lyon teve origem em sua gestão, mas se aprofundou sob o comando da Eagle. O agravamento da situação motivou a ruptura entre Textor e os demais acionistas, dando origem à disputa que hoje envolve o Botafogo.

Luiz Henrique, Igor Jesus e Jair

Os três jogadores brasileiros estavam inicialmente destinados ao Lyon, mas foram negociados com terceiros após o clube francês ser punido pela DNCG, o órgão que regula as finanças do futebol francês. De acordo com a SAF, os atletas foram vendidos em condições desfavoráveis — com valores abaixo do mercado — com o objetivo de repassar recursos ao Lyon, mesmo sem transferência direta. A operação fez parte do esforço para ajudar o clube francês a evitar o rebaixamento e se manter apto a disputar competições europeias.

Savarino foi vendido ao Lyon em março de 2025 por € 7,6 milhões, segundo notificação da SAF. A venda, que permaneceu em sigilo até ser revelada em documentos oficiais, é incomum por ter sido feita diretamente com o clube francês — ao contrário de outras transações — e por o jogador seguir atuando normalmente pelo Botafogo. A negociação é usada como exemplo de como a SAF teria colaborando financeiramente com o Lyon em prejuízo próprio.

Meia do Atlético de Madrid, ex-Botafogo