Favoritismo é um conceito volátil — e na Copa do Mundo de Clubes, ele muda de fase como quem troca de camisa no intervalo. É o que mostra a nova atualização do “Favoritômetro”, levantamento feito pelo GLOBO com 40 jornalistas esportivos. No início do torneio, cada um avaliou os 32 times do torneio com notas de 1 a 5 estrelas, prevendo até onde cada equipe poderia ir. Agora, com a bola já rolando, fase grupos no passado e as oitavas batendo à porta, os palpites e opiniões foram revisitados. E algumas surpresas já movimentam a prateleira das apostas.
Quem mais chamou a atenção foi o Botafogo. Antes visto como figurante, o clube carioca se reinventou no papel de surpresa do torneio. Com uma arrancada que incluiu escapar vivo do “grupo da morte”, com PSG-FRA e Atlético de Madrid-ESP, saltou de tímida 1,6 estrela para robustas 2,8. É o maior crescimento entre todos os participantes: 1,2 ponto a mais, um pulo de prateleira que ninguém esperava — talvez nem o mais otimista alvinegro.
No topo da lista, o Manchester City-ING tomou para si o título simbólico de maior favorito. Com 100% de aproveitamento e atuações convincentes, o time do técnico Pep Guardiola subiu de 4,5 para impressionantes 4,9 estrelas, ultrapassando o PSG. Os franceses, apesar da classificação, perderam um pouco do encanto inicial de recém-campeões da Champions, especialmente na surpreendente derrota para o Botafogo: caíram da nota máxima de 5,0 para 4,6. Real Madrid-ESP e Bayern de Munique-ALE completam o quarteto de elite — os clubes que mais convencem os especialistas até aqui.
Já no lado oposto da gangorra, os italianos viram a maré virar. A Inter de Milão, líder do grupo, mas com um futebol que deixou a desejar, despencou de 4,0 para 3,0 estrelas — a maior queda do ranking. Ou seja, segundo os analistas, a Inter que enfrenta o Fluminense nas oitavas é menos temida do que a que desembarcou para a competição como vice-campeã da Champions. A Juventus também perdeu fôlego: caiu 0,9 ponto após levar 5 a 2 do City. Mas o tombo não foi só pelo placar. O próximo confronto, contra o poderoso Real Madrid, também pesa no cálculo de expectativas.
Do lado brasileiro, o Flamengo também sofreu um baque no favoritismo. Mesmo com bom futebol e a liderança do grupo, viu sua média cair de 2,7 para 2,3 estrelas. Culpa do emparelhamento cruel: o rival agora é o Bayern de Munique. Ainda assim, numa enquete paralela sobre qual clube sul-americano mais ameaça os gigantes da Europa, o clube carioca disparou na frente — superando até o Palmeiras. A mística rubro-negra, ao que tudo indica, segue valendo pontos. Mas o que conta mesmo é o otimismo em relação ao futebol apresentado na primeira fase.
Palmeiras e Fluminense, por sua vez, mantiveram notas parecidas com as da primeira rodada de avaliação, mas têm adversários mais encorpados pela frente. E o duelo entre Palmeiras e Botafogo, hoje à tarde, promete ser o mais equilibrado das oitavas. Os dois estão separados por apenas 0,1 ponto no “Favoritômetro”, o que significa que é o tipo de confronto sem um favorito claro — daqueles que seguram o fôlego até o último minuto.
Na outra ponta do espectro, o confronto mais desigual traz o Manchester City diante do Al Hilal-ASA. A diferença entre os dois é de quase três estrelas, o que lembra uma tabela da Premier League comparada à da liga saudita — e talvez o jogo reflita exatamente isso.
Mas em termos de peso histórico e camisa, nada se compara a Real Madrid x Juventus. Juntas, as duas potências somam 7 estrelas, o “peso pesado” do mata-mata. Clássico europeu de respeito, mesmo que a Velha Senhora já não seja tão temida como antes. No extremo oposto do glamour, Borussia Dortmund-ALE e Monterrey-MEX protagonizam o confronto mais discreto: juntos, somam apenas 4,9 estrelas. É o tipo de jogo que pode passar despercebido na escalação, mas entregar aquele futebol solto, leve — e, quem sabe, surpreendentemente bom.
No fim das contas, a primeira fase deixou claro que o Mundial está longe de ser previsível. Os europeus continuam favoritos, mas não intocáveis. Os brasileiros, mesmo com tropeços nas cotações, seguem na briga. E, como sempre, os confrontos prometem mudar tudo de novo. Que venham as oitavas. E com elas, novos favoritos.