A candidatura conjunta formada por Rio de Janeiro e Niterói concorre hoje, contra Assunção, capital do Paraguai, a nomeação para sede dos Jogos Pan-Americanos de 2031. A vencedora será anunciada hoje, em Santiago, Chile, durante a Assembleia da Panam Sports, principal entidade do esporte olímpico das Américas.
A cerimônia começa às 10h (de Brasília), e o anúncio está previsto para ocorrer entre 12h e 13h. A eleição será transmitida ao vivo pelo canal da Panam Sports e pela CazéTV.
Maior medalhista da história dos Jogos Pan-Americanos, com 23 pódios, Thiago Pereira, medalhista olímpico de prata em Londres-2012 é um dos atletas na delegação brasileira na capital chilena. O “Mr. Pan” vive a expectativa da escolha de Rio-Niterói como sede.
— Um Pan em casa é extremamente importante para a jornada olímpica. É uma mini-olimpíada, os atletas passam a ter uma experiência de conjunto, dividindo o quarto, refeitório, ônibus… Não se trata apenas de levar uma grande competição para o Brasil. Significará ainda que mais pessoas farão parte deste movimento, estimulando mais crianças a praticar esporte. Esta é a ferramenta mais potente que temos para saúde e educação — disse Thiago Pereira, maior medalhista da história do Pan-Americano.
O legado dos Jogos Olímpicos de 2016, competição que ganhou terreno após o Pan do Rio, em 2007, é a principal arma de Rio-Niterói para desbancar Assunção. Além disso, pesa a favor do Rio o fato de a cidade ter recebido outros eventos de importância mundial recentemente, como a COP30, ter malha aérea robusta e a presença de um laboratório antidoping com certificado internacional.
Até a semana passada, a candidatura de Assunção era considerada a grande favorita. É que, após a derrota para Lima (Peru), em 2024, na eleição para a sede dos Jogos de 2027, a capital paraguaia continuou o trabalho de olho na edição de 2031. Além disso, Camilo López, presidente do Comitê Olímpico do Paraguai desde 2011, dedicou-se pessoalmente à nova empreitada.
O Brasil entrou mais tarde na disputa. Marco La Porta, que assumiu a presidência do Comitê Olímpico do Brasil (COB) apenas em janeiro, acredita que a candidatura Rio-Niterói “virou” após a visita técnica da Panam Sports na semana passada.
— Pouco a pouco fomos ganhando terreno. E acredito que hoje estamos mais fortes — disse La Porta, que promete ampliação do Centro de Treinamento do COB em caso de vitória. — É o nosso compromisso com ambas as prefeituras, ampliar o CT Maria Lenk para que tenhamos refeitório, alojamento e pista de atletismo.
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Presidente da Panam, o chileno Neven Ilic foi impactado positivamente durante a passagem pelo RJ:
— Estamos muito impressionados com o legado dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e dos Jogos Olímpicos de 2016, com a forma como foram mantidas e como estão sendo utilizadas cada uma das instalações. Esta é a grande lição que temos que tirar como organizações — disse Ilic, na ocasião.
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Dois itens chamaram a atenção da comitiva na visita ao Parque Olímpico. O ginásio educacional olímpico Isabel Salgado, escola municipal que funciona no local, e o velódromo, que recebia treinamentos de ciclistas e atividades infantis, além de conter o Museu Olímpico.
— Nosso maior trunfo são as instalações prontas e funcionando. Isso vai nos permitir realizar intercâmbio técnico com outros países. Queremos mudar um pouco o legado dos grandes eventos serem apenas para o país-sede. Queremos legado para os outros países também, por meio de seminários, clínicas e, principalmente, intercâmbio de atletas e treinadores — disse La Porta.
Para o consultor esportivo do COB, Jorge Bichara, ex-diretor de Esportes da entidade e principal responsável pelos recordes de medalhas no Pan-Americano de Lima-2019 e na Olimpíada de Tóquio-2020, sediar o Pan pode contribuir para a preparação do Time Brasil para Los Angeles-2028 e Brisbane-2032, já que trará mais visibilidade e investimento ao esporte no país.
— Os Jogos Pan-Americanos têm sido cada vez mais utilizados como etapa qualificatória importante para as Olimpíadas por federações internacionais de diversas modalidades, o que garante elevado nível técnico. A participação em uma competição desse porte sempre eleva a qualidade dos atletas e equipes — explica.
Yane Marques, vice-presidente do COB, medalhista olímpica de bronze no pentatlo moderno, reforça a importância dessa competição como uma qualificatória olímpica e também como parte da estratégia do COB de construir uma nação esportiva. Ela fala de um “legado de encantamento”, de aproximação dos jovens.
— É uma porta de acesso para a classificação olímpica de algumas modalidade, um ano antes dos Jogos Olímpicos. Poder se dedicar um ano inteiro para chegar ao auge da forma física na Olimpíada é incrível. Além, é claro, de que o Pan corrobora a ideia de aproximação das pessoas aos ídolos. Queremos aproveitar que nossa energia não será canalizada nas estruturas, e sim no legado do encantamento — comenta a campeã dos Jogos Pan-Americanos de 2007.
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Otimista com uma possível vitória, o Brasil foi para Santiago com uma comitiva estrelada, contando, inclusive, com a ginasta Rebeca Andrade, maior medalhista olímpica do país, dona de seis pódios olímpicos em Tóquio-2020 e Paris-2024. Estão também os prefeitos do Rio, Eduardo Paes, e de Niterói, Rodrigo Neves, além da vice-prefeita de Niterói, Isabel Swan, medalhista olímpica de bronze em Pequim-2008.
— O Pan de 2031 celebrará os 80 anos do evento. Queremos proporcionar uma experiência ímpar aos atletas e, ao mesmo tempo, realizar uma edição que dê a relevância que a data merece — promete Guilherme Scheleder, secretário municipal de Esporte do Rio.
Outros nomes em Santiago são Emanuel Rego (diretor-geral do COB, medalhista olímpico de ouro, prata e bronze no vôlei de praia e ouro no Pan de 2007), Iziane (secretária nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte e bronze no Pan de 2011), Bernard Rajzman (membro do Comitê Olímpico Internacional e medalhista de prata olímpico no vôlei) e Yohansson do Nascimento (vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e campeão paralímpico no atletismo).
Votarão na Assembleia Geral da Panam Sports 41 comitês olímpicos dos países que participam dos Jogos Pan-Americanos. No total, são 53 votos, uma vez que os países que já foram sede têm peso dobrado — casos de EUA, Canadá, México, Cuba, Porto Rico, República Dominicana, Colômbia, Venezuela, Peru, Chile, Brasil e Argentina.
Caso Rio-Niterói vença, o Brasil receberá os Jogos Pan-Americanos pela terceira vez na história. Além do Pan do Rio, em 2007, São Paulo sediou o evento em 1963.