Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que o roubo de celular na área da 14ªDP (Leblon) subiu 33% nos nove primeiros meses de 2025, na comparação com o mesmo período de 2024. Foram 277 registros deste tipo, de janeiro a setembro deste ano, contra 171 do ano passado. Na noite desta quinta-feira, um jovem de 23 anos foi atingido por uma bala perdida no braço durante uma perseguição entre a Avenida Ataulfo de Paiva e Rua Aristides Espínola após um assalto a um policial civil. O barulho dos disparos assustou os frequentadores do point e quem passava pelo local. Dois carros foram atingidos por disparos.
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Imagens mostram homem perseguindo assaltante disfarçado de entregador no Leblon
Parte da clientela em bares cheios viu quando um motoqueiro se passando por entregador de aplicativo tentou assaltar um policial civil na rua Aristides Espínola. O agente reagiu, o criminoso revidou, e um rapaz, já na Avenida Ataulfo de Paiva, acabou baleado Dois dias antes, o susto foi na Rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico: a motorista de um veículo blindado reagiu a um assalto e atropelou dois homens que tentaram roubar o carro. Eles ficaram presos embaixo do automóvel.
Imagens dos dois casos correram as redes sociais, deram o que falar, mas também são sinais de um problema apontado pelas estatísticas.
Uma aposentada, moradora do Leblon há mais de 15 anos, conta que os assaltantes geralmente usam motocicletas ou bicicletas para executar os roubos. Os bandidos procuram pessoas nas ruas, de celular na mão, que, num momento de distração, podem se tornar presas fáceis. A esquina onde aconteceu o assalto da última quinta-feira é apelidada, segundo ela, de “perdeu, mané”.
— Eu estava com o meu marido em casa quando ouvi os tiros. Ele até pensou que fosse barulho de fogos de artifício, mas percebi logo que não era. Ali é a esquina do “perdeu, mané”. Tem sempre alguém que fica sem o celular. É assalto direto. Quem mora aqui sabe que não pode ficar com o celular na mão ali, ainda mais durante a noite— contou a moradora.
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Naquela quinta-feira, câmeras de segurança e testemunhas nas ruas gravaram parte do ocorrido. Nos vídeos é possível ver um homem com o uniforme de entregador passando em alta velocidade e sendo perseguido pelo policial civil, que estava a pé. Uma pessoa que estava entrando em um carro estacionado por pouco não foi atingida. Na ação, um jovem de 23 anos foi atingido de raspão num dos braços e socorrido no Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea. A Polícia Civil afirmou que o agente abordado pelo ladrão reagiu, mas não deixou claro se ele também atirou. Segundo policiais militares do 23º BPM (Leblon), que estiveram na unidade de saúde para ouvir o rapaz baleado, ele contou ter sido atingido quando passava pela Ataulfo de Paiva. A 14ª DP (Leblon) investiga o caso.
Dois carros que estavam estacionados por perto foram atingidos por disparos. Um vídeo feito por um cliente de um dos bares abertos no momento do crime mostra o susto dos frequentadores ao ouvirem o som de pelo menos três disparos. Ontem, a dona de um dos veículos atingidos se surpreendeu ao ver que seu carro, estacionado na Rua Aristides Espínola, estava sendo fotografado por jornalistas. A mulher, que não mora no bairro, foi avisada sobre a perseguição ao assaltante e o que havia acontecido na véspera. Por um momento, pensou que uma tragédia poderia ter acontecido.
— Eu poderia estar no carro. Estou hospedada em frente ao local onde aconteceu o assalto. Estou em choque. No Rio tudo pode acontecer. Já aprendi a conviver com essa insegurança. Ainda mais agora — disse em entrevista a emissoras de TV, sem se identificar.
Publicada em julho, a ferramenta Mapa do Crime, do GLOBO, mostrou, de forma inédita, que o Leblon enfrentava um aumento de assaltos a pedestres e roubos de celular. No bairro, em todo o ano passado, o número de aparelhos surrupiados dobrou em relação a 2023. Os dados da ferramenta mostram também que, ao analisar as ocorrências de 2020 a 2024, há uma concentração de crimes nas quintas-feiras à noite. Um porteiro da região corroborou os relatos da moradora.
— Estão sempre atacando de moto para pegar celular. Mesmo sendo uma região policiada, os assaltos acontecem. Principalmente durante o período da noite — afirmou o profissional, que pediu para não ser identificado.
Na noite da terça-feira passada, na Rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico, o trânsito já movimentado da hora do rush, ali em torno das 19h30, deu um nó depois que dois assaltantes em uma moto tentaram abordar um Jeep Renegade. O garupa saltou e, empunhando uma pistola, anunciou o assalto pelo lado do passageiro. A motorista, então, reagiu e jogou seu veículo, que é blindado, para cima dos criminosos. Eles acabaram imprensados entre o chassi e um canteiro na calçada.
Identificados como Thiago Félix Vieira, de 25 anos, e Tiago Gabriel de Brito, de 18, os dois foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros, mas presos em flagrante pela tentativa do assalto.
Os dados do ISP também mostram uma pequena redução no índice de roubo de rua na área patrulhada pelo 23º BPM (Leblon), que inclui o Leblon e Jardim Botânico. Foram 616 casos de janeiro a setembro desse ano, contra 639 em 2024 — uma redução de 4%.
Procurada, a Polícia Militar informou que o 23ºBPM vem intensificando o policiamento ostensivo na área. “Contudo, é importante pontuar que casos como este podem ser considerados como crimes de oportunidade, em que o criminoso espera uma brecha para agir e abordar as vítimas”, diz trecho da nota.

