A Meta, que busca transformar seus óculos inteligentes em um produto indispensável, apresentou nesta quarta-feira sua primeira versão com tela embutida. O modelo mais recente, o Meta Ray-Ban Display, de US$ 799, traz uma tela na lente direita. Ela pode exibir mensagens de texto, chamadas de vídeo, direções passo a passo em mapas, resultados visuais de consultas ao serviço de IA da Meta, fotos, controles de música e um visor digital para a câmera.
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Em entrevista antes do lançamento, Andrew Bosworth, diretor de tecnologia da Meta, chamou os novos óculos de “o primeiro produto sério” nesse segmento.
Para óculos inteligentes — ou óculos de IA, como a Meta agora os denomina —, uma tela é essencial. A adição, com o tempo, pode permitir que os consumidores transfiram para os óculos algumas funções que normalmente esperariam que seus celulares realizassem.
Esse lançamento é parte fundamental do esforço da Meta para construir seu próprio ecossistema de tecnologia de consumo, posicionando-se contra rivais como a Apple Inc. e o Google da Alphabet Desde a estreia de seu primeiro headset de realidade virtual em 2016, a Meta busca atrair usuários para longe das plataformas dominantes.
— Parece o tipo de coisa que vai permitir que você mantenha o celular no bolso cada vez mais ao longo do dia — disse Bosworth. Ele acrescentou que o telefone não vai desaparecer, mas os óculos oferecem uma forma mais conveniente de acessar seus recursos mais populares.
Os óculos introduzem um novo sistema de controle. Embora os usuários ainda possam deslizar o dedo pela armação, como nos modelos anteriores, a interface principal são gestos manuais detectados por uma pulseira neural presa ao pulso da mão dominante do usuário.
O usuário pode selecionar itens beliscando o polegar e o indicador, deslizar o polegar sobre a mão fechada para navegar, dar dois toques com o polegar para acionar o assistente de voz da IA da Meta ou girar a mão no ar para ajustar o volume da música e outros controles.
Além das interações com aplicativos e da capacidade de lidar com consultas de IA, os óculos incluem um recurso de legendas ao vivo que exibe palavras faladas em tempo real — incluindo traduções — semelhante às legendas ocultas de uma TV. A função de chamadas de vídeo permite que os usuários vejam a pessoa com quem estão falando enquanto compartilham sua própria perspectiva.
Os usuários podem responder mensagens de texto enviando uma gravação de áudio ou ditando uma resposta. Ainda este ano, a pulseira adicionará outra opção: escrever palavras no ar com a mão. Uma atualização futura também permitirá que os óculos foquem na pessoa com quem o usuário está conversando, filtrando ruídos de fundo.
Quando os óculos da Meta com IA começam a vender?
Os novos óculos estarão à venda em 30 de setembro e incluirão a pulseira. A Meta oferecerá dois tamanhos e duas opções de cores: preto e um tom marrom chamado sand. Eles serão vendidos pela Ray-Ban, Lenscrafters International, Best Buy e um número limitado de lojas da Verizon Communications.
No lançamento, eles terão suporte a aplicativos como Facebook Messenger, WhatsApp e um aplicativo de música com tecnologia da Spotify Technology SA. O aplicativo do Instagram inicialmente suportará apenas mensagens diretas, mas a Meta planeja adicionar visualização de Reels ainda este ano.
A tela dos óculos oferece um campo de visão limitado de 20 graus com resolução de 600 x 600 pixels. O brilho varia de 30 a 5.000 nits, garantindo boa visibilidade na maioria das condições externas, embora possa ter dificuldades sob luz solar intensa. Algumas prescrições médicas são suportadas, mas apenas sob encomenda.
A câmera externa corresponde à dos óculos Ray-Ban anteriores, com sensor de 12 megapixels, mas fica atrás dos novos modelos sem tela — também apresentados na quarta-feira — em resolução de vídeo e duração da bateria. Os óculos gravam vídeo em 1080p e duram seis horas por carga, com o estojo externo fornecendo mais 30 horas — o equivalente a quatro recargas completas.
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A pulseira, chamada Meta Neural Band, vem em três tamanhos e oferece 18 horas de bateria. No lançamento, a Meta está direcionando os compradores para lojas físicas para ajuste adequado e onboarding antes de vender os óculos online.
Além da engenharia, marca e parcerias também foram um desafio. A parceira da Meta, EssilorLuxottica SA, inicialmente hesitou em colocar a marca Ray-Ban nos óculos com tela, desencadeando uma corrida para a rede social conquistar seu parceiro de longa data.
— A verdade é que, quando começamos isso, a Ray-Ban nem tinha certeza se o produto ficaria bom o suficiente para ser considerado Ray-Ban — disse Bosworth. — Seriam apenas óculos de exibição da Meta. E fizemos um enorme trabalho até chegar a um ponto em que eles sentiram: ‘uau, ok, podemos ver isso realmente como um produto Ray-Ban’.
Depois, há o preço de US$ 799, quase o mesmo de um smartphone que precisa ser pareado com os óculos.
— Sobreviverá ao primeiro contato com o mercado — essa é a grande questão — disse Bosworth. — Estamos muito confiantes sobre onde este produto chegou.
A gigante das redes sociais investiu bilhões em hardware, apostando que os óculos se tornarão uma forma primária de os usuários vivenciarem os produtos de IA e serviços sociais da Meta. Recentemente, a empresa fez um investimento de US$ 3,5 bilhões na EssilorLuxottica, adquirindo cerca de 3% de participação acionária.
— Estamos investindo muito dinheiro — disse Bosworth. — Achamos que é um investimento do qual esperamos retorno. Achamos que podemos chegar lá no lado de hardware, bem como em software e serviços.
Os novos modelos sem tela são uma versão atualizada dos óculos inteligentes Ray-Ban padrão e uma nova oferta sob a marca Oakley. Isso dá continuidade a um movimento iniciado em junho, quando a empresa apresentou os óculos inteligentes premium Oakley HSTN.
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Os novos Ray-Ban vêm em cores como azul-marinho, oferecem gravação de vídeo em 3K (em comparação com os 1080p do modelo anterior) e têm 40% mais duração de bateria. Notavelmente, a Meta elevou o preço inicial do modelo atualizado para US$ 379, ante US$ 299, citando componentes e margem de lucro em vez de tarifas. O modelo mais barato da geração anterior continuará sendo vendido.
A empresa também lançou os Meta Oakley Vanguard, um design esportivo que envolve o rosto do usuário e inclui resistência à água aprimorada. Os óculos contam com câmera centralizada, alto-falantes mais potentes com graves mais profundos e novos modos de gravação, como vídeo em 60 quadros por segundo, câmera lenta e lapso de tempo.
Bosworth disse que a edição Vanguard pode eventualmente ganhar outro recurso: a capacidade de funcionar como walkie-talkie. Por exemplo, um grupo de usuários poderia praticar snowboard juntos e se comunicar sem fazer chamadas telefônicas tradicionais.
Os novos óculos com tela servem como um passo em direção a óculos de realidade aumentada (RA) completos — dispositivos imersivos que sobrepõem conteúdo interativo em ambas as lentes. A Meta está desenvolvendo seus primeiros óculos de RA para lançamento previsto em 2027, segundo a Bloomberg News.
Embora a Meta seja a líder nesse setor e a primeira grande marca de consumo a trazer óculos com tela ao mercado, não foi a primeira a tentar — e rivais estão logo atrás.
— O Google Glass esteve aqui primeiro e, de certa forma, foi um ótimo produto — disse Bosworth. — O timing é tudo, certo? E não existem ideias ruins no Vale do Silício, apenas timing ruim.
A versão do Google, de US$ 1.500, estreou em 2012, mas fracassou devido ao preço, aos recursos e a preocupações com privacidade.
A Meta provavelmente enfrentará concorrência futura do gigante das buscas, da Samsung Electronics Co. e da Apple, que planeja lançar seus primeiros óculos já no próximo ano. Startups chinesas como a Xreal Inc. também estão avançando rapidamente no mercado.
Bosworth prevê que a Meta venderá mais de 100.000 unidades dos óculos com tela até o fim do próximo ano e espera vender todas as unidades produzidas. “Sentimos que capturamos algo, um zeitgeist, no momento certo com o boom da IA”, disse ele.
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— Queríamos realmente favorecer as pessoas que vão usar de fato os óculos – afirmou Bosworth, chamando-os de um produto de baixo volume. — Em vez de entusiastas de tecnologia que poderiam comprá-los apenas para ter e não realmente usar.
Alex Himel, que lidera os trabalhos com óculos sob Bosworth, disse em entrevista separada que acredita que os óculos de IA terão “adoção em massa” até o fim da década.
Bosworth já explora futuros modelos com tela, incluindo versões com conectividade celular e telas binoculares (nas duas lentes). Ele prevê múltiplas ofertas nas categorias sem tela, com tela e de RA.
Ele também vê potencial para uma loja de aplicativos dedicada, mas alertou que isso não é iminente, já que seria necessário um upgrade do componente da Qualcomm Inc. usado no modelo de primeira geração.
— No momento, não temos capacidade de processamento para rodar softwares arbitrários — disse, referindo-se a apps não essenciais. (Os óculos sem tela, no entanto, já estão sendo abertos para desenvolvedores.)
Ao mesmo tempo, o panorama mais amplo pode ser abandonar os aplicativos de vez e apenas usar a IA para realizar tarefas. “A IA é uma solução tremendamente boa” para substituir a infinidade de aplicativos que as pessoas baixam para seus dispositivos hoje, disse Bosworth.
Olhando além dos óculos, Bosworth afirmou que seu grupo, conhecido como Reality Labs, está experimentando vários outros formatos.
Ele revelou que a empresa já “avançou bastante” no desenvolvimento de um relógio inteligente para competir com o da Apple e que considera algumas perspectivas “bastante promissoras”. “Tivemos algumas descobertas empolgantes nas últimas semanas”, afirmou.
Olhando ainda mais para o futuro, Himel disse que a empresa pesquisou lentes de contato que poderiam, um dia, substituir os óculos no fornecimento de RA. Mas uma oferta desse tipo pode nunca chegar devido a barreiras tecnológicas. “Não há nada que não estejamos explorando.”