A Secom, incumbida da missão de turbinar o governo Lula nas redes sociais, pagou pelo menos R$ 124 mil à Meta para bombar a veiculação de uma série de posts sobre o SUS no Facebook e no Instagram.
O investimento consta na Biblioteca de Anúncios da big tech e indica que a campanha entrou no ar na segunda-feira, tendo sido impulsionada até quarta. A ação integra as respostas do Ministério da Saúde às críticas que a influenciadora bolsonarista Jojo Toddynho endereçou à rede pública de assistência.
O conteúdo patrocinado pela Secom mostra uma médica vestindo um jaleco do SUS, diante de uma Unidade Básica de Saúde. Junto dela, aparecem os dizeres: “O Brasil é dos brasileiros” — frase elaborada por Sidônio no início de sua gestão na pasta, e estampada até em bonés. Na legenda das publicações, a conta do Governo do Brasil afirma: “Esse é o Brasil do cuidado: onde a dedicação de quem cuida faz a saúde chegar a todos” (veja abaixo). Beleza.
Só que, além da veiculação paga, o retorno da campanha revela indícios de automação virtual.
A Secom pagou para ampliar o alcance dos anúncios, o que é uma prática autorizada por lei, desde que feita com transparência. Mas os comentários desses posts mostram mensagens repetidas e aleatórias deixadas por usuários de ambas as redes. Esses padrões de replicação, em geral, representam o uso de robôs (ou “bots”) para turbinar o engajamento de um conteúdo. Assim, o conteúdo parece ter tido mais resposta do que realmente teve, bem como repercussão positiva.
Em um universo de 1.138 comentários de um dos posts sobre o SUS, por exemplo, destacam-se sequências de mensagens idênticas (veja abaixo). Usuários escreveram, um depois do outro, a palavra “Amém” para elogiar o conteúdo da Secom. Ao todo, o termo foi citado 57 vezes entre as repostas, ainda que não houvesse qualquer referência religiosa na publicação original. A expressão “Maravilha” também entrou no repeteco: surgiu 22 vezes, muitas delas de forma consecutiva entre perfis.
Entre outros termos, também apareceram diversas vezes outras formas de concordância, como: “Parabéns”, “Com certeza”, “Perfeito”, “Excelente”, “Bravo”, sem mais complementos.
O possível uso de automatizações foi identificado por bolsonaristas: nos comentários, eles denunciam o que seriam “robôs petistas”.
Quando assumiu a Secom, em janeiro, Sidônio demitiu do controle das redes do governo uma aliada de Janja, Brunna Rosa. No lugar dela, ficou Mariah Queiroz, “importada” da equipe de João Campos.
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