As ações dos EUA atingiram novos recordes nesta segunda-feira, em meio a sinais de progresso nas negociações comerciais, encerrando um dos primeiros semestres do ano mais voláteis da história recente.

O Dow Jones subiu mais de 0,6%. O Nasdaq, de alta tecnologia, e o S&P 500 subiram cerca de 0,5%, com ambos os índices registrando novos recordes de alta, já que o índice de referência fechou acima de 6.200 pontos pela primeira vez, registrando seu melhor trimestre desde dezembro de 2023. As ações de tecnologia lideraram os ganhos.

A Apple foi a que mais subiu entre as gigantes de tecnologia. A Oracle disparou após fechar um acordo de serviços em nuvem avaliado em US$ 30 bilhões por ano. Os grandes bancos também avançaram depois de passarem no teste de estresse anual do Fed, abrindo caminho para distribuições de dividendos.

As apostas de que o Federal Reserve retomará os cortes de juros impulsionaram o melhor desempenho semestral dos títulos do Tesouro em cinco anos. O dólar registrou sua mais longa sequência de quedas mensais desde 2017.

“Os mercados se mostraram notavelmente adaptáveis e resilientes diante de choques geopolíticos e incertezas comerciais no primeiro semestre, em grande parte porque as condições econômicas e de lucros estavam em bases sólidas”, disse Anthony Saglimbene, da Ameriprise.

O Goldman Sachs projeta um corte de juros pelo Fed em setembro, já que os efeitos inflacionários das tarifas “parecem um pouco menores” do que o esperado.

Talvez não tenha havido melhor evidência da resistência do mercado do que o anúncio de tarifas do “Dia da Libertação” em 2 de abril. O S&P 500 caiu mais de 10% em três dias, com a derrota sendo classificada logo abaixo das 10 piores vendas desde a Segunda Guerra Mundial.

Wall Street está otimista para uma recuperação plena no segundo semestre do ano — Foto: Bloomberg

Porém, em cerca de um mês, o índice de referência voltou a ficar acima dos níveis observados antes do anúncio, à medida que os mercados se animavam com os vários adiamentos de tarifas feitos por Trump.

Agora, com o mercado de volta aos recordes de alta, muitos em Wall Street defendem que as ações continuem subindo até o final do ano.

Com o prazo de 9 de julho imposto por Trump para acordos comerciais se aproximando, a União Europeia está disposta a aceitar um acordo que inclua uma tarifa universal de 10% sobre muitas de suas exportações, mas busca isenções importantes.

Trump ameaçou impor uma nova tarifa sobre o Japão, enquanto seu principal assessor econômico afirmou que a Casa Branca pretende finalizar os acordos com seus parceiros após o feriado de 4 de julho.

O maior catalisador para os mercados financeiros como um todo pode ser o avanço nas negociações comerciais — ou a falta dele”, disse Fawad Razaqzada, da City Index e Forex.com. “Enquanto não houver grandes escaladas novamente no Oriente Médio ou na guerra comercial, acredita-se que os mercados de ações não sofram muito com dados macroeconômicos. Ainda assim, sempre há espaço para surpresas.”

S&P 500 oscila perto do pico — Foto: Bloomberg
S&P 500 oscila perto do pico — Foto: Bloomberg

Para Ulrike Hoffmann-Burchardi, do UBS Global Wealth Management, embora manchetes sobre tarifas possam ocasionalmente agitar os mercados, elas não devem ser o gatilho para uma liquidação sustentada de ativos.

No JPMorgan Chase & Co., estrategistas liderados por Mislav Matejka disseram que as ações dos EUA podem ficar sob pressão se os cortes de juros pelo Fed forem acompanhados de um enfraquecimento da economia.

Já os estrategistas do Morgan Stanley, liderados por Michael Wilson, acreditam que, enquanto não houver um aumento significativo na taxa de desemprego, as ações americanas tendem a se beneficiar com o afrouxamento da política monetária.

O relatório de emprego de junho, que será divulgado na quinta-feira por conta do feriado de 4 de julho na sexta, deve mostrar uma desaceleração na criação de empregos, com cerca de 110 mil novos postos de trabalho, ante 139 mil no mês anterior, segundo economistas consultados pela Bloomberg. A taxa de desemprego é projetada para subir ligeiramente, para 4,3%.

Para um Federal Reserve que ainda aguarda mais clareza sobre os possíveis impactos inflacionários das tarifas, qualquer deterioração acentuada no mercado de trabalho provavelmente aumentaria a pressão sobre os dirigentes para cortar os juros.

Na sexta-feira, estrategistas do Bank of America alertaram sobre o risco crescente de uma bolha especulativa no mercado de ações, à medida que os investidores direcionam fluxos massivos para as bolsas na expectativa de cortes nas taxas de juros. A temporada de balanços que se aproxima também poderá testar os fundamentos do recente rali, especialmente com previsões fracas se acumulando.

As margens de lucro enfrentarão um grande teste na próxima temporada de resultados, à medida que os investidores avaliam os impactos da guerra comercial de Trump, segundo estrategistas do Goldman Sachs, liderados por David Kostin. Eles afirmam que os lucros irão “refletir os efeitos imediatos” das tarifas, que já aumentaram cerca de 10 pontos percentuais desde o início do ano.

“Fundamentos econômicos saudáveis são, no fim das contas, um amortecedor contra manchetes negativas,” disse Seema Shah, da Principal Asset Management. “Dessa forma, as ações devem permanecer resilientes, a menos que um evento adverso ganhe proporções maiores e comprometa o consumo das famílias e os lucros das empresas.”

Dito isso, Shah também observa que, dado o cenário de incerteza política, um impacto mais amplo no sentimento do mercado não pode ser descartado.

“Neste ambiente, é essencial que os investidores mantenham portfólios bem diversificados, preparados para atravessar períodos de incerteza elevada,” afirmou ela.

S&P 500 e Nasdaq registram novos recordes, finalizando a impressionante recuperação do segundo trimestre