Técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) recomendaram ao ministro Walton Alencar pedir ao plenário da corte para aprofundar a análise de investimentos em renda variável por parte da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil). Alencar é relator do processo de auditoria no fundo. Caberá a ele decidir se leva as recomendações para a análise dos colegas do TCU.
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Procurado, o fundo de pensão informou em nota que “prima pela transparência na divulgação de informações e dados para seus associados” e que os planos estão em equilíbrio.
Os investimentos em ações são o principal motivo pelos quais o Plano 1 da Previ teve um déficit de R$ 17 bilhões entre janeiro e dezembro de 2024. Na primeira fase da auditoria, os técnicos se debruçaram sobre os resultados da Previ entre janeiro e novembro, quando houve um déficit de R$ 14 bilhões.
Diante do resultado negativo, o governo se movimenta para tirar do cargo o atual presidente da Previ, João Fukunaga, de acordo com integrantes do Executivo. Fukunaga é sindicalista e foi alçado à presidência do fundo de pensão no início do atual governo.
Ele é criticado por participantes do fundo pela falta de experiência como executivo, tendo feito carreira apenas no Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Boa parte do déficit da Previ registrado até novembro se deveu aos investimentos na Vale, que foi de R$ 5,2 bilhões. Na operação da Vibra, o resultado negativo foi de R$ 257,67 milhões.
No primeiro trimestre de 2024, a Previ se desfez de investimentos na Ambev e ampliou a participação na Vibra de 3,3% para 5,03% do total das ações da empresa. Em contrapartida, o fundo ganhou um assento na companhia de combustíveis e atua para conseguir mais um.
A compra de papéis da Vibra, ex-BR Distribuidora, privatizada no governo Bolsonaro, é um dos pontos que os auditores querem aprofundar e entender, por exemplo, se está dentro da política de investimentos do fundo.
O Plano 1, no qual houve déficit, é considerado maduro, no jargão do mercado, por ter passado pela fase de acumulação de recursos e precisar fazer desembolsos para pagar aposentadorias. Nesse plano, há 99.348 assistidos — aposentados e pensionistas —, e apenas 2.815 participantes ativos.
Diante disso, técnicos do TCU cobram da Previ uma fundamentação sólida para os investimentos em ações.
Renda variável mais que o dobro da renda fixa
Em 31 de dezembro, as aplicações em renda variável somaram R$ 116,9 bilhões e, renda fixa, R$ 48 bilhões. O fundo administra também o Previ Futuro, ainda em fase de acumulação.
Ao divulgar os resultados de 2024, no início deste mês, a Previ afirmou que a oscilação de mercado e o consequente impacto nos investimentos explicam o déficit.
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“Vale ressaltar que esse tipo de oscilação é comum e conjuntural no mercado financeiro brasileiro, mas a estratégia da Previ foca no longo prazo”, afirmou.
A Previ diz ainda que o Plano 1 “segue sólido e cumprindo sua principal missão: garantir o pagamento de benefícios aos seus mais de 106 mil associados, dos quais 97% são aposentados ou pensionistas”.