Um trajeto de 182 quilômetros, em meio à vegetação, dentro da cidade de São Paulo. Não, você não leu errado. A Trilha Interparques, lançada nesse mês de abril pela Prefeitura de São Paulo, é a maior da cidade. Localizada na ponta sul do mapa, ela atravessa parques naturais municipais, parques estaduais, represas, reservas particulares do patrimônio natural e até a Terra Indígena Tenondé Porã, do povo Guarani.
A novidade fica dentro do Polo de Ecoturismo de Parelheiros, Marsilac e Ilha do Bororé, área de preservação que abrange 28% do território do munícipio, criada em 2014 no extremo sul da capital. A Interparques começa na Balsa da Ilha do Bororé, no Grajaú, bairro na Zona Sul de São Paulo. Há desde um píer de frente para a Represa Billings, uma área para piqueniques em volta de um lago até uma torre de observação de incêndios com o panorama da Represa Guarapiranga.
– Por conta da sua extensão, a Interparques acaba abrangendo uma série desses atrativos. Ela conecta mais de 12 áreas protegidas – explica Anita Correia, diretora da Divisão de Unidades de Conservação da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. – O objetivo é o contato do visitante com a natureza e sua sensibilização para a conservação das áreas protegidas, inseridas em um território com os mais significativos remanescentes de Mata Atlântica do município e uma rica fauna silvestre, além de ser uma área produtora de água e de alimentos para a cidade.
A Trilha Interparques e o Polo de Ecoturismo, segundo a diretora da Divisão de Unidades de Conservação, são de extrema importância para o desenvolvimento do turismo sustentável. – O passeio permite que uma série de empreendedores locais possam manter suas atividades, por exemplo, com a agricultura sustentável e vários empreendimentos de turismo, que vão servir de apoio – afirma Anita.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/1/1/4Pi9NAQByNmBVF7y6lDw/passeio-eco-parque-itaim-ciete-silverio-secom-54413850130-02c92fd9f7-h.jpg)
Como a rota completa é muito longa, os visitantes podem escolher percursos diferentes a cada passeio. Alguns dos itinerários cruzam parques naturais municipais (PNMs), como o Varginha, o Bororé, o Itaim e o Jaceguava. Em seguida passa pelo Parque Estadual Várzeas do Embu-Guaçu, PNM Cratera de Colônia, Parque Estadual da Serra do Mar Curucutu e, por fim, a Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Curucutu, retornando ao ponto de partida.
Existem outras formas de participar de saídas guiadas. Dentro dos Parques Naturais, é possível fazer visitas acompanhadas pelos próprios condutores do parque ou por meio de iniciativas como o programa Vai de Roteiro, da SPTuris, e o Vamos Trilhar, da Secretaria Municipal de Esportes.
A rica fauna e flora vista nessa rota inclui determinadas espécies ameaçadas de extinção. A transição da Mata Atlântica para o Cerrado pode ser apreciada em alguns trechos do Parque Jaceguava.
Ao longo da trilha, especialmente no interior das áreas protegidas, foram encontradas espécies como plantas como palmito-juçara, cedro-rosa, cambuci e tapiá. Entre os animais locais estão o bonito pássaro tangará-dançarino, quatis e macacos bugios-ruivos, essenciais para espalhar sementes e regenerar a floresta.