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Um em cada cinco brasileiros já vive sob influência do tráfico ou da milícia

BRCOM by BRCOM
outubro 17, 2025
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Patamar de entrevistados que respondeu positivamente à pergunta do instituto saltou de 14% para 19% na comparação entre 2024 e 2025 — Foto: Editoria de arte

Um em cada cinco brasileiros mora em áreas com “presença explícita” do tráfico de drogas ou de milícias. O dado faz parte de uma pesquisa feita pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgada nessa quinta-feira (16). Ao todo, são hoje cerca de 31 milhões de pessoas convivendo rotineiramente com a ameaça do crime organizado.

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Entre mais de 15 indicadores de violência presentes no levantamento, este foi o único com aumento fora da margem de erro de dois pontos percentuais (veja mais no quadro abaixo). O patamar de entrevistados que respondeu positivamente à pergunta do instituto saltou de 14% para 19% na comparação entre 2024 e 2025.

Patamar de entrevistados que respondeu positivamente à pergunta do instituto saltou de 14% para 19% na comparação entre 2024 e 2025 — Foto: Editoria de arte

Crimes digitais — Foto: Editoria de arte
Crimes digitais — Foto: Editoria de arte

— É um aumento considerável, que representa o crescimento do controle territorial por esses grupos — destaca Leonardo Silva, pesquisador sênior do FBSP.

A pesquisa “Vitimização e percepção sobre violência e segurança pública” ouviu 2.007 brasileiros com mais de 16 anos, em 130 municípios de todas as regiões do país, entre 2 e 6 de junho. Jovens de até 24 anos, autodeclarados pretos e moradores de capitais ou cidades com mais de 500 mil habitantes estão entre os que mais sofrem com a atuação do poder paralelo. Palco de expansões recentes de facções do Rio e de São Paulo, o Nordeste registra um quadro especialmente grave, com 28% da população vivendo acuados por esse tipo de quadrilha.

— Vários estados nordestinos vêm registrando disputas bastante violentas e explícitas, o que contribui para essa percepção da população — diz Silva.

No Nordeste, as ações das facções para conquistar, manter e ampliar o domínio sobre porções dos territórios ganharam fôlego a partir dos anos 2010. Até então, frisa o pesquisador Artur Pires, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), a presença dos criminosos tendia a se limitar ao uso dos portos para enviar carregamentos de drogas ao exterior:

— No Ceará, até 2015 não se falava que uma determinada favela pertencia a tal facção. A tendência é de franca expansão e de um forte processo de interiorização. Até em distritos de pequenas cidades, no Sertão distante, temos essas facções.

Publicado em julho, o Anuário do FBSB já havia destacado a forte presença de cidades do Nordeste entre as mais violentas do país. A lista é liderada por Maranguape (CE), e todos os demais municípios no topo ficam na região.

Em setembro, O GLOBO contou a história do distrito de Uiraponga, no município de Morada Nova (CE), que se tornou uma espécie de cidade-fantasma após o crime organizado, envolvido em uma disputa entre facções, expulsar a população local do vilarejo. Relatos similares estendem-se também para a capital Fortaleza, onde há casos de moradores de condomínios populares recebendo ordens do crime para deixarem suas casas.

— As formas de obtenção de lucro não se restringem mais ao tráfico. No Ceará, as facções praticam toda forma de extorsão. Todo o comércio de uma localidade passa a precisar pagar uma taxa, até o jogo do bicho. E há também práticas monopolistas na oferta de serviços como gás, água e internet — detalha Artur Pires.

Essas práticas também se refletiram na pesquisa do Datafolha: 3% dos entrevistados informaram que pagam taxas para ter acesso a serviços como internet e água, e outros 3% fazem o mesmo para garantir segurança na residência ou negócio. Em ambos os casos, o índice era de 2% em 2024.

Ainda segundo o levantamento, 12% relataram ter conhecimento da existência de cemitérios clandestinos em suas cidades, operados pelo crime organizado, com taxa mais alta entre moradores de capitais e grandes centros urbanos. Na pesquisa anterior, o percentual era de 8%.

Apesar do avanço na percepção dos brasileiros sobre a predominância de áreas sob o jugo do crime organizado, isso não foi acompanhado de um crescimento significativo nos relatos de violência, segundo a pesquisa. Na avaliação do FBSP, isso ocorre devido a um deslocamento dos crimes patrimoniais do âmbito físico para o digital, com os golpes virtuais tomando lugar de outras modalidades de delitos. Mais uma vez, a tendência já havia sido detectada pelo Anuário, que mostrou a redução dos roubos e furtos ocorrendo na contramão da disparada nos estelionatos, que totalizaram mais de 2,1 milhões de casos no ano passado.

O levantamento divulgado ontem apontou, por exemplo, que um quarto dos brasileiros sofreu tentativas de golpes financeiros por aplicativos ou ligações envolvendo transferências, Pix ou boletos falsos. O índice cresce conforme aumenta o grau de instrução, a renda familiar mensal e o porte do município de moradia do entrevistado.

— Esse é um fenômeno relativamente novo, e a gente ainda não consegue explicar com precisão (essas diferenças). Uma hipótese é a de que as quadrilhas direcionam a tentativa de golpes para esse segmento da população — pontua Leonardo Silva, do FBSP.

A pesquisa também mostrou que 60% dos brasileiros evitam utilizar o celular ao caminhar pela rua por medo de assaltos. O temor é maior entre mulheres: enquanto 68% delas resguardam o aparelho, o percentual de homens é de 53%. Pessoas com 60 anos ou mais também costumam ser mais receosas (68%) do que aquelas de 16 a 24 anos (57%).

Os medos relativos ao celular vão além. Ao todo, 30% dos brasileiros que possuem aplicativos de banco instalados no telefone costumam deixar o aparelho em casa por temer roubo. O índice, neste caso, oscilou negativamente na comparação com 2024 (34%).

(*Luiz Eduardo de Castro e Francielly Barbosa, estagiários sob supervisão de Alfredo Mergulhão)

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