O Gioia, “alegria” em italiano, é o bistrô dos donos do Gino, um típico restaurante napolitano no começo da Atlântica, embaixo do hotel Fairmont. Pelo ponto, é claro que turistas baixam em peso por ali. E não saem decepcionados, porque é bom. Como o Gioia, que abriu no final do ano passado, fica em Ipanema, imaginei um ‘filhote” da casa mais aclimatado, com mais locais desfrutando do salão bonito, do bar com banquetas, das pinturas nas paredes, dos sofás na calçada, da trilha dançante e de um cardápio sem surpresas ou sustos nos preços. Mas o climão, cheio de turistas, é o mesmo. E daí? Nada, niente. Apenas uma situada do que nos espera.

E tem lá seus pontos que contam a favor. Num domingo de mata-mata do Flamengo, reinava a paz pelas mesas, boa parte indiferente à sofrida derrota em campo. Sinal de que não tem TV na casa (coisa boa) e nem torcedores (coisa ótima). Só música de fundo. As mesinhas trazem velas acesas, e a iluminação é cenográfica no salão aberto, que vai dar numa parede de espelho (sensação). Um vão que emenda com a varanda.

Pizza do Gioia — Foto: Reprodução/Redes sociais

O menu segue a fórmula da matriz, só que mais reduzido: anéis de lulas fritos (R$ 89), bruschetta de salmão curado com creme de ricota e sweet chilli, molho que se compra pronto (R$ 59), carpaccio de atum com molho ponzu, idem (R$ 65), e um tartare de atum, que chegou com o peixe em cubos, mas escuros. Pensei: domingo! Hoje não é dia para peixe. Mas era sim, a culpa foi do molho tarê (teriyaki, muito prazer) que escureceu as peças. Veio sobre tempura de legumes (R$ 59). Gostoso, comemos juntos, bebendo um branco (Vermentino) da Sardenha (R$ 162).

Nosso jovem garçom, um italiano de Nápoles, sugeriu em bom português que provássemos a burrata. “Está fresquíssima, foi feita hoje”. O queijo chega com tomates italianos docinhos, folhas de manjericão e pão (rodelas de bisnaga comum, R$ 89).

Polpette, a boa almôndega, de carne, berinjela e recheio de mozzarella, três bolotas na travessa com molho de tomate correto (R$ 54). Fechamos com a pizza diavola (há seis no menu): linguiça picante, massa mole, borda grossa e mais tomate do que queijo, figurino napolitano (R$ 68). A casa foi enchendo, o bar lotando, e os drinques, saindo aos montes. A música subiu e virou outra casa. Selfies, caras e bocas, parada técnica no espelho… Chato, hora de ir. A sensação foi a de comer fora… fora do Rio. Ruim? Não chega ser. E, nesse domingo fatídico, foi sob medida. Num outro, já não garanto.

Rua Maria Quitéria 41, Ipanema (99884-7484). Ter, qua e dom, das 18h à meia-noite. Qui a sáb, das 18h à 1h.

uma experiência de comer fora do Rio (no Rio)