O show de um artista famoso por cantar “corridos” — canções que enaltecem o narcotráfico no México — terminou em caos neste fim de semana. O público se enfureceu após Luis R. Conríquez dizer que não poderia interpretar essas músicas por força de uma ordem estadual, relataram seu representante e a mídia local.
- Caçada LGBT+ de Putin: Onda de repressão contra gays transforma festas e clubes em alvos do governo
- Stonehenge é uma cópia de outro monumento? Estudo faz novas revelações
O incidente ocorreu menos de duas semanas após o escândalo provocado pela projeção de imagens que elogiaram o chefe do cartel de drogas Jalisco Nueva Generación (CJNG) durante o show de outro grupo de música regional em Guadalajara, no Oeste do país.
Ambos os eventos evidenciam a crescente popularidade dos chamados “narcocorridos” e de variantes, como os “tumbados” ou “bélicos”, um fenômeno cultural que preocupa as autoridades mexicanas, incluindo a presidente Claudia Sheinbaum.
Veto a músicas que enaltecem o narcotráfico gera caos e pancadaria em show de famoso cantor do México
O caos ocorreu na madrugada de sábado, no município de Texcoco, na região central do país, durante o show de Luis R. Conríquez, que em várias de suas músicas exalta chefes do cartel de Sinaloa.
Vídeos divulgados pela imprensa, gravados por pessoas presentes no show, mostram Conríquez explicando ao público que, por ordem do governo, não poderia interpretar os referidos corridos, o que inicialmente provocou algumas vaias.
— É uma lei que deve ser respeitada (…) Eu também me sinto mal por não cantar o que vocês querem ouvir — diz Conríquez nas imagens.
O descontentamento do público, no entanto, aumentou e gerou ataques aos músicos, que foram alvos de objetos e cerveja lançados contra eles. As gravações mostram, em seguida, os artistas fugindo enquanto eram agredidos nas arquibancadas.
Quase vinte pessoas desceram até a arena e destruíram instrumentos musicais e equipamentos de som, enquanto seguranças particulares tentavam contê-los.
O empresário de Conríquez, Freddy Pérez, explicou no Instagram que o artista obedeceu à determinação do governo “de não cantar corridos”.
A situação “resultou em uma agressão violenta contra nosso artista, banda e equipe de trabalho”, segundo Pérez. O público “reagiu muito mal, destruindo instrumentos e equipamento de áudio”, acrescentou ele.
O governo estadual confirmou o incidente em comunicado e informou que não houve feridos. Reiterou ainda seu pedido aos municípios para que “não se faça apologia à violência nem referência a personagens ligados a atos criminosos ou ao consumo de entorpecentes” em espetáculos públicos.
Na última segunda-feira, Sheinbaum lançou um concurso binacional de música “pela paz e contra os vícios”, buscando combater o crescimento dos narcocorridos entre os jovens do México e dos Estados Unidos.
Em fevereiro passado, o governo estadual de Nayarit, no Oeste do país, proibiu a difusão de corridos em eventos públicos, alinhando-se a outros estados como Baja California, Chihuahua e Quintana Roo.
