Os ataques dos Estados Unidos que tiveram como alvo três instalações nucleares do Irã envolveram mais de 100 aeronaves, mas uma em especial se destaca por sua capacidade virtualmente ilimitada: o bombardeiro furtivo B-2 Spirit. Para cruzar continentes, ultrapassar defesas inimigas e atacar alvos estratégicos com precisão milimétrica, esse avião depende de uma operação complexa de reabastecimento aéreo.
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Foi graças a essa capacidade que os EUA conseguiram mobilizar seus bombardeiros em uma ofensiva contra alvos a quase 12 mil quilômetros de distância, executada sem a necessidade de bases próximas ao território inimigo. O avião decolou do estado americano do Missouri, atravessou o Atlântico e o Oriente Médio, executou um ataque de precisão e retornou à origem sem jamais pousar — feito que exige coordenação extrema, resistência física das tripulações e tecnologia de ponta.
Em 2021, a própria Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) publicou um vídeo oficial que revela em detalhes esse processo. As imagens mostram um B-2 sendo reabastecido por um KC-135 Stratotanker, avião-tanque da frota americana, durante uma missão de mais de 24 horas.
O vídeo revela a delicadeza da operação, na qual a sonda de abastecimento se conecta à entrada do bombardeiro, a centenas de quilômetros por hora e a dezenas de milhares de pés de altitude. É possível ver também como o bombardeiro se aproxima lentamente da aeronave-tanque, alinhando-se em um processo que exige muita precisão.

Bombardeiro B-2 Spirit da Força Aérea dos EUA em operação de reabastecimento ar
“É uma dança no ar”, descreve um dos pilotos. “Duas aeronaves com funções completamente diferentes sincronizadas em tempo real, no escuro, em silêncio, para manter uma vantagem estratégica”.
Sem o reabastecimento aéreo, o B-2 não conseguiria fazer algumas missões sem escalas, especialmente ao considerar o tempo necessário para sobrevoar áreas de interesse, realizar manobras evasivas e retornar em segurança. Com ele, o bombardeiro se transforma em uma plataforma de ataque verdadeiramente global.
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Além do KC-135, a Força Aérea também utiliza o KC-10 Extender e, mais recentemente, o moderno KC-46 Pegasus, que traz sistemas de navegação e comunicação mais seguros e automação no processo de abastecimento. Todos operam a partir de uma rede global de bases e pontos de apoio logístico, o que permite que as missões sejam montadas com agilidade, mesmo em cenários de crise.
No caso dos ataques ao Irã, a missão teria durado mais de 30 horas no total, tempo em que os dois pilotos revezam breves cochilos e refeições leves numa cabine apertada, sem janelas além do para-brisa frontal, com um banheiro e micro-ondas para lanches.
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Ou seja, a capacidade de reabastecer em voo significa mais do que uma questão logística, pois o inimigo nunca sabe de onde ou quando virá o ataque virá. A aeronave pode surgir nos radares tarde demais para ser detida, e desaparecer logo em seguida. “A assinatura do B-2 é o silêncio”, dizem oficiais da USAF. “E o reabastecimento aéreo é o que mantém esse silêncio letal”.