Populares entre os mexicanos, e ao redor do mundo, os axolotes ganharam fama com seu rosto amigável e sua boca voltada para cima, como se estivesse sorrindo. Ameaçado de extinção na natureza, em seu único habitat, o Lago Xochimilco, ele foi levado a outros países, para se reproduzir como um animal de estimação. Hoje, o axolote pode ser encontrado ao redor de todo o mundo, inclusive no BioParque do Rio.
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Anfíbios, assim como sapos e rãs, põem seus ovos gelatinosos na água, que eclodem em estado de larva, que vivem estritamente na água. A maior parte dos anfíbios, quando atingem a idade adulta, são capazes de se deslocar para terra. Uma vez que respiram, em parte, absorvendo oxigênio através da sua pele úmida, tendem a permanecer perto da água. Os axolotes, no entanto, nunca completam a metamorfose para uma forma adulta terrestre, permanecendo em uma fase juvenil, adolescente, e passam toda a sua vida na água.
Axolote é uma palavra do Nahuatl, a língua indígena mexicana falada pelos astecas e por cerca de 1,5 milhões de pessoas atualmente. O nome dos animais deve-se ao deus asteca Xolotl, que se dizia transformar-se numa salamandra. A pronúncia original em Nahuatl é “AH-chou-LOUT”. O axolote está “criticamente ameaçado”, segundo a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), devido à pesca excessiva, à poluição e à extração de água do lago, seu habitat natural, ao sul da Cidade do México.
Uma das caraterísticas do aspecto eternamente jovem dos axolotes é as suas guelras externas, que os ajudam a respirar na água. Uma hipótese para seu desenvolvimento incompleto é que o ambiente no Lago Xochimilco tinha recursos suficientes para as salamandras. Este habitat, com 10 quilômetros quadrados, é um corpo de água único, uma bacia de drenagem natural com água ligeiramente salgada.
O axolote pertence ao gênero Ambystoma, estudado pela ciência devido à sua extraordinária capacidade de regenerar membros mutilados e partes de órgãos como o cérebro e o coração. Em 2021, passou a estampar as notas de 50 pesos mexicanos.
Com o crescimento e a industrialização da Cidade do México, a necessidade de água trouxe bombas e canos para o lago, poluindo o local. Para agravar os problemas, espécies invasoras de peixes, como a carpa e a tilápia, foram introduzidas no lago, onde se alimentam de ovos de axolote. De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza, restam menos de 100 animais da espécie adultos na natureza, sendo considerados criticamente ameaçados de extinção.
Embora os axolotes selvagens do Lago Xochimilco tenham diminuído até a quase extinção, foram criados inúmeros axolotes para laboratórios científicos e para o comércio de animais de estimação. Em 1864, um oficial do exército francês trouxe axolotes vivos para a Europa, onde se adaptaram e foram capazes de se reproduzir.
A maioria dos axolotes selvagens é de um castanho escuro acinzentado. As famosas axolotes cor-de-rosa, bem como outras variantes de cor como o branco, o azul, o amarelo e o preto, são anomalias genéticas que são raras na natureza, mas criadas seletivamente para o comércio de animais de estimação.
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Inaugura neste sábado (4), no BioParque do Rio, um espaço inédito dedicado a um dos animais mais fascinantes e enigmáticos do planeta. Vindos do México e cercados por mitos ancestrais, os axolotes vivem agora em uma ambientação que une ciência, cultura e conservação, convidando o público a conhecer sua história de sobrevivência e transformação.
Segundo a coluna Ancelmo Gois, o espaço propõe uma travessia simbólica entre mito e ciência, com referências ao Día de Muertos e aos canais de Xochimilco, habitat natural da espécie. Recursos lúdicos ajudam a contar a trajetória desses anfíbios que respiram por guelras externas e mantêm características larvais mesmo na fase adulta.