BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result
No Result
View All Result
BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result

‘A ação climática pode impulsionar metas de justiça social’, diz prefeito de Johannesburgo

BRCOM by BRCOM
outubro 24, 2025
in News
0
Prefeito de Johannesburgo, Dada Morero — Foto: Divulgação

Que soluções o poder público pode apresentar à população e, ao mesmo tempo, para o planeta? O GLOBO inaugura hoje a série de entrevistas “Cidades do futuro”, com o relato de experiências internacionais bem-sucedidas ao conciliar sustentabilidade e benefício direto aos cidadãos — todas as iniciativas são finalistas do Local Leaders Awards 2025, entregue pela Bloomberg Philanthropies às melhores políticas de enfrentamento às mudanças climáticas lideradas por autoridades locais. A cerimônia de premiação acontece em 4 de novembro, durante evento no Rio que antecede a COP30, em Belém. Na abertura, o prefeito de Johannesburgo, Dada Morero, detalha o projeto que instalou microrredes de energia solar em assentamentos informais na capital da África do Sul.

  • Convenção do clima: Belém terá ‘COP da adaptação climática’, e países pobres estarão presentes, diz chefe do encontro
  • Belém nos holofotes: Com obras em ritmo acelerado, Belém já vive clima da COP30 e aposta em regionalismo para se mostrar para o mundo
Prefeito de Johannesburgo, Dada Morero — Foto: Divulgação

No que consiste essa iniciativa?

O programa utiliza energia solar fotovoltaica e armazenamento em baterias para fornecer eletricidade confiável e acessível a assentamentos informais, evitando a emissão de 101 toneladas de CO₂ por ano. O programa já criou mais de 80 empregos locais e tem como objetivo a expansão para 310 assentamentos em toda a cidade, atendendo potencialmente 67.840 famílias e evitando a emissão de 95.400 toneladas de CO₂ anualmente.

Uma parte fundamental do projeto é a mobilização social. Como a população tem respondido?

Ela funciona por meio de um processo estruturado e multietapas de engajamento comunitário. Começa com um planejamento interno na City Power (autarquia de energia), seguido pelo engajamento com o Conselheiro Distrital e outros órgãos da prefeitura para identificar problemas locais e agendar uma reunião pública. Esse encontro apresenta o projeto e detalha os benefícios para a comunidade, notadamente oportunidades de emprego por meio dos cargos de Agente de Ligação Comunitária e do Programa Expandido de Obras Públicas, além de pacotes de trabalho para pequenas, médias e microempresas. Inicialmente, houve alta satisfação com a criação de empregos e a independência do sistema em relação ao corte de energia. Mas também tivemos alguns desafios relacionados à exclusão de moradores sem documentos devido a restrições de financiamento ou processos judiciais.

Painéis solares e gerador em assentamento informal na África do Sul: projeto é finalista de prêmio — Foto: Divulgação
Painéis solares e gerador em assentamento informal na África do Sul: projeto é finalista de prêmio — Foto: Divulgação

Que melhorias concretas o programa traz para o cotidiano das pessoas?

Ela possibilita um fornecimento de eletricidade seguro, legal e confiável, em grande parte independente do corte de energia. Essa confiabilidade reduz a dependência de métodos perigosos e prejudiciais à saúde, como parafina, velas e madeira, melhorando assim a saúde ao reduzir a exposição à fumaça e aos gases, além de reduzir drasticamente o risco de incêndios. O acesso à energia estável também apoia atividades econômicas e comerciais de pequena escala, permitindo que as crianças estudem e as famílias usem eletrodomésticos básicos. A instalação bem-sucedida gera ainda um sentimento de orgulho comunitário e incentiva a população a investir em moradias mais permanentes e melhorias na infraestrutura, sinalizando confiança no futuro do assentamento.

Houve resistência de grupos que negam as mudanças climáticas, por exemplo?

Na verdade, não. O projeto recebeu apoio por estender a oferta de energia nesses assentamentos informais. A iniciativa consegue melhorar a segurança, a acessibilidade e o acesso à eletricidade.

Como é a relação com outros entes públicos para esse tipo de iniciativa, como gestões estaduais ou a federal?

O primeiro projeto no assentamento informal de Amarasta, que viveu por anos na escuridão, é uma colaboração, com a City Power atuando como agente implementador do Plano de Resposta à Crise Energética do Governo Provincial de Gauteng.

E como a cidade arrecada fundos para viabilizar o projeto?

São dois mecanismos principais: a maioria dos projetos-piloto é financiada pelo Programa de Melhoria de Assentamentos Informais, um subsídio nacional que aloca recursos aos municípios para apoiar iniciativas nesses locais, incluindo o fornecimento de serviços básicos como eletricidade. O programa é canalizado por meio do Departamento de Assentamentos Humanos (DHS). Já em Amarasta, considerado um projeto-piloto emblemático, a verba veio do Governo Provincial de Gauteng por meio de um fundo de emergência. Além do custeio direto, a natureza das microrredes é projetada para gerar retorno, contribuindo para a sustentabilidade financeira. O projeto em Amarasta, por exemplo, devolve o excesso de energia à rede elétrica da cidade, o que deverá permitir a recuperação do investimento inicial de R$ 60 milhões em apenas 18 meses por meio da venda de eletricidade e créditos de alimentação.

Como o programa pode servir de inspiração para o mundo?

Ele oferece diversos princípios transferíveis para outras cidades em rápida urbanização no Sul Global que enfrentam dificuldades com o acesso à energia em assentamentos informais. Demonstra, por exemplo, a viabilidade técnica da implantação de microrredes solares fotovoltaicas como uma alternativa sustentável e responsiva ao clima às redes convencionais sobrecarregadas. A iniciativa também modela como a ação climática (energia renovável) pode ser explicitamente vinculada e impulsionar metas de justiça social, como a redução da pobreza e acesso universal à eletricidade. Há ainda uma melhora na confiabilidade local para as famílias, especialmente durante quedas de luz, e, ao mesmo tempo, realimentamos o excedente de energia para fortalecer a rede municipal mais ampla e gerar receita. Por fim, todo o processo demonstra que o engajamento transparente e contínuo e a oferta de oportunidades de emprego locais são estratégias vitais para garantir a adesão da comunidade, estabelecer legitimidade a longo prazo e mitigar riscos como o vandalismo.

‘A ação climática pode impulsionar metas de justiça social’, diz prefeito de Johannesburgo

Previous Post

Edital do MEC que facilita a oferta de cursos de Medicina gera reação e disputa interna na rede privada

Next Post

Adaptação às mudanças climáticas exige preparação e apoio aos municípios; veja como foi seminário do GLOBO

Next Post
Seminário debateu como aumentar a resiliência dos mais vulneráveis — Foto: Fabiano Rocha

Adaptação às mudanças climáticas exige preparação e apoio aos municípios; veja como foi seminário do GLOBO

  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.

No Result
View All Result
  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.