— Ninguém tinha publicado um vídeo com um caso tão nítido como o meu. Os portugueses sempre diziam que “em Portugal não tem xenofobia, discriminação com brasileiro e etc…” Agora é provado que tem. Vai ajudar a conscientizar e muitos portugueses já me apoiaram, porque não se identificaram com ela. Não é como se todos os portugueses fossem xenófobos. Pode ser uma minoria, mas não é difícil de encontrar — disse Yara.
Brasileira sofre xenofobia em Portugal
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Yara foi atacada enquanto trabalhava em uma loja de cosméticos em um shopping de Gaia, cidade vizinha ao Porto, para onde se mudou há um ano e meio com visto de trabalho e estuda na Academia de Música. Ela gravou um vídeo no qual a agressora, uma cliente portuguesa, xingou a brasileira, discriminou o modo como falava o idioma e atacou: “vai para tua terra”.
Depois de todo o episódio de xenofobia, a agressora ainda pediu o livro de reclamações da loja para fazer queixa da brasileira. A portuguesa foi identificada e, após fazer a queixa na PSP, Yara foi informada que a cliente será notificada pela Justiça.
— Mostrei o vídeo sem cortes e a policial disse que era um crime público (xenofobia e discriminação), que anda sozinho, mas eu posso contratar um advogado se quiser indenização. Mas ainda estou pensando se vale a pena. Ela está identificada e será notificada pela Justiça no prazo de seis a nove meses — contou a paulista.
A brasileira especificou que a agressora tem entre 50 e 60 anos e, mesmo depois do episódio registrado em vídeo, passou na porta da loja zombando dela. Por medida de segurança, a loja, que ficou do lado da brasileira, vai tentar organizar um novo horário entre os funcionários para que Yara, que está de férias, não fique mais sozinha:
— Realmente, é uma perseguição. Minha supervisora vai conversar com a gerente para que eu não fique mais sozinha. A empresa não tem como proibir clientes, mas planeja um modo para que eu me sinta mais segura quando voltar.
Os funcionários da loja, na qual Yara é a única brasileira, disseram que esta perseguição nunca havia acontecido. A brasileira também contou que jamais passou por algo parecido em outros lugares, mas não vai mudar sua identidade, sua maneira de falar, para evitar problemas.
— Não tem como me adaptar totalmente, porque morei 21 anos no Brasil. E mesmo se conseguisse, não teria motivo, porque eles nos entendem. Falar casa de banho e telemóvel é o mínimo que dá — disse ela.