Após a apreensão de 20 papelotes de cocaína com uma aluna de 4 anos em uma escola municipal de Itamonte, no Sul de Minas Gerais, a Polícia Militar do estado desencadeou uma série de operações que começou a desmantelar parte de uma organização criminosa atuante na região. O caso, ocorrido na tarde da última sexta-feira e revelado pelo blog True Crime, chocou a população local, de cerca de 14 mil habitantes, e rapidamente ganhou repercussão nacional.

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Os desdobramentos do episódio já levaram, por exemplo, à prisão, pela PM-MG, de um suspeito de pertencer à mesma quadrilha do pai da criança. Com ele, os policiais apreenderam 300 papelotes de cocaína, 28 pinos da mesma droga, seis tabletes de maconha, dois celulares e materiais utilizados para embalar entorpecentes.

A droga apreendida e a entrada da Escola Municipal Mariana Silva Guimarães, em Itamonte (MG) — Foto: Divulgação/PM-MG e Reprodução/Google Street View

O pai da menina tem 28 anos e é considerado foragido. Segundo as autoridades locais, ele está sendo procurado tanto pela polícia quanto por comparasas, que estariam tentando recuperar a droga levada à escola pela criança. A Polícia Civil de Minas Gerais solicitou a prisão preventiva do homem, que vive com a filha e a mãe dele. Seu nome não foi divulgado para preservar a identidade da menor.

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O rapaz possui uma extensa ficha criminal, com pelo menos 20 passagens pela polícia, incluindo porte ilegal de arma de fogo, violência doméstica e tráfico de drogas. De acordo com testemunhas, ele chegou à escola antes da polícia, tomou parte dos papelotes das mãos de uma funcionária e deixou o local rapidamente, sem prestar esclarecimentos.

Depois, enviou o irmão — tio da menina — para tentar recuperar o restante do material. O parente, porém, se desentendeu com conselheiras tutelares e foi preso por desacato, mas liberado em seguida.

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A menina levou os papelotes para a Escola Municipal Professora Mariana Silva Guimarães pensando que eram balas de coco e distribuiu parte do conteúdo entre os colegas de turma, composta por 18 crianças. Pelo menos oito delas colocaram o pó na boca, mas cuspiram ao perceberem o gosto amargo. Uma das estudantes alertou a professora, que recolheu o material e acionou a coordenação.

Foram localizados 16 papelotes — sete lacrados e nove parcialmente abertos — entre a mochila da menina e sua carteira. Nesta segunda-feira, mais um papelote foi encontrado durante nova inspeção na sala, que havia sido isolada.

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Todas as crianças foram levadas para avaliação médica na unidade de saúde de Itamonte. Elas passaram por exames clínicos e tiveram amostras de urina coletadas, enviadas ao Laboratório Oswaldo Cruz, em Taubaté (SP). Nenhuma delas apresentou sintomas de intoxicação. Treze exames deram negativo, e dois foram considerados inconclusivos.

A prefeitura da cidade ofereceu apoio psicológico às famílias, transferiu temporariamente os alunos para outra sala e realizou uma reunião com os pais para prestar esclarecimentos e oferecer suporte diante do ocorrido.

Caso de menina de 4 anos que distribuiu cocaína do pai na escola leva polícia a desmantelar rede de tráfico em MG