De 1996, quando estreou no Jornal Nacional, até novembro deste ano, quando deixará a bancada, William Bonner esteve em mais de 10 mil edições do programa e informou os brasileiros sobre sete Copas do Mundo (inclusive o pentacampeonato em 2002), três conclaves papais e sete eleições presidenciais no Brasil e sete nos Estados Unidos. Ele também deu as notícias do 11 de setembro de 2001, do assassinato do colega Tim Lopes, em 2002; e da morte de Roberto Marinho, em 2003, todas elas já no cargo de editor-chefe do telejornal, que ocupa desde 1999. Foi ele também quem comandou a equipe do JN num dos momentos mais turbulentos da história: a pandemia de Covid-19.
Abaixo, alguns dos momentos mais importantes de Wiliam Bonner no JN.
“Uma terça-feira que vai marcar a história da Humanidade”. William Bonner descreveu assim, na escalada do JN, o atentado às Torres Gêmeas, em Nova York, no dia 11 de setembro de 2001. Ele já era editor-chefe do programa desde 1999 e comandou a edição especial que durou uma hora. Tanto a daquela noite, quanto a das noites seguintes, foram indicadas ao Prêmio Emmy Internacional.
A cobertura do assassinato do jornalista Tim Lopes, morto pelos traficantes da Vila Cruzeiro, no Rio, quando fazia uma reportagem sobre abuso de menores e venda de drogas na favela em 2002, foi um dos momentos mais difíceis da carreira dele, segundo entrevista dada ao site Memória Globo. No fim da edição do dia 10 de junho, Bonner leu um texto emocionante em memória do colega e terminou o telejornal puxando palmas, com a câmera sobrevoando a redação toda de pé, também em aplausos.
“Hoje você começaria um novo Globo Repórter sobre a vida dos caminhoneiros. Foi uma ideia que você trouxe das férias, aprovada pela direção do programa, que queria vê-lo logo na estrada. Você pediu tempo, porque estava terminando uma reportagem a favor dos moradores da Penha”, William leu um texto, como se conversasse com Tim. “Os traficantes que o mataram interromperam o seu plano e devem estar acreditando que calaram a sua voz. Estão errados. A sua voz será ouvida cada vez mais alta, em cada reportagem que nós, jornalistas do Brasil, fizermos.”
Desde 2002, Bonner e sua colega de bancada (a primeira foi Fátima Bernardes, depois vieram Patrícia Poeta e Renata Vasconcellos) recebem no JN os candidatos à presidência da República no primeiro e no segundo turno.
Morte do Papa João Paulo II
Do dia da morte até o funeral do Papa João Paulo II, William Bonner ancorou o JN direto do Vaticano, em Roma, na Itália. Foram, ao todo, seis noites fora do estúdio.
“O público tinha me visto dar ‘boa noite’ normalmente na sexta-feira no Rio; no sábado, papa morto, eu estava em Roma, isso foi absolutamente arrepiante”, disse ele ao Memória Globo.
Na morte do Papa Francisco, em 2025, Bonner também viajou para Roma para ancorar o programa diretamente da Europa.
50 anos de telejornalismo
Em 2015, quando a TV Globo completou 50 anos, Bonner comandou um encontro inédito de jornalistas da casa que foi ao ar em cinco partes. No bate-papo, Renato Machado, Luís Fernando Silva Pinto, Glória Maria, Tino Marcos, Ilze Scamparini, Galvão Bueno, Ernesto Paglia, André Luiz Azevedo, Caco Barcellos, Francisco José, Pedro Bial, Sandra Passarinho, Orlando Moreira, Fátima Bernardes, Heraldo Pereira e Marcelo Canellas conversaram sobre grandes histórias, lembranças e curiosidades de bastidores.
No último dia, Bonner e Renata cederam seus lugares na bancada do JN para os memoráveis Cid Moreira e Sérgio Chapelin darem o “boa noite”.
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Durante um dos momentos mais catastróficos da Humanidade, William Bonner, Renata Vasconcellos e a equipe do JN trabalharam diariamente para levar a milhões de brasileiros informações confiáveis sobre a pandemia de Covid-19.
“Nós passamos por isso de uma forma heroica, porque foi o momento em que o jornalismo precisava esclarecer a população sobre questões da crise sanitária, mostrar onde a situação era mais grave, os avanços da ciência e das vacinas”, disse o jornalista ao Memória Globo.” E aí sobreviveram os escândalos de negligência do governo federal, e em meio a isso tudo a gente tinha ainda que desmentir a desinformação que era criada em redes sociais. Não tem quem tenha passado por isso que não guarde uma memória muito dolorosa, mas um orgulho enorme de quão valentes nós fomos e quão úteis para a sociedade.”