A NASA redescobriu o Camp Century, uma base militar secreta dos Estados Unidos que permaneceu escondida sob o gelo da Groenlândia por décadas. A descoberta ocorreu durante um sobrevoo da agência espacial, em abril de 2024, que detectou os restos da instalação da era da Guerra Fria a cerca de 30 metros de profundidade. Desde então, teorias sobre o local e os possíveis riscos ambientais começaram a circular nas redes sociais.
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O cientista Chad Green e sua equipe, a bordo de uma aeronave Gulfstream III, sobrevoavam a região gelada quando o radar do avião captou um sinal incomum. Alex Gardner, cientista da criosfera da NASA, contou que “a princípio, eles não sabiam o que era”, mas o sistema de radar avançado — capaz de mapear com precisão o subsolo — revelou “estruturas individuais de uma cidade secreta” sob o gelo.
Segundo a NASA, os restos encontrados pertencem ao Camp Century, uma base composta por 21 túneis subterrâneos. O local foi construído com um propósito estratégico durante a Guerra Fria: criar uma rede de instalações ocultas que permitissem aos Estados Unidos armazenar e lançar armas nucleares em caso de um ataque inimigo. O acampamento era alimentado por um gerador nuclear, embora nenhum míssil tenha sido efetivamente armazenado ali.
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Os Estados Unidos, no entanto, nunca solicitaram autorização oficial à Dinamarca — responsável pela Groenlândia — para instalar armas nucleares em seu território. Na época, Washington afirmou que o projeto tinha fins “puramente experimentais”, voltados a testar técnicas de construção em condições árticas extremas. Essa falta de transparência acabou gerando tensões diplomáticas entre os dois países.
Inaugurado em 1959, o Camp Century funcionou por apenas alguns anos e foi desativado em 1967. A instabilidade da camada de gelo tornou inviável a manutenção das estruturas subterrâneas. Após o fechamento, o reator nuclear foi removido, mas parte dos resíduos radioativos permaneceu no local. Com o tempo, o acampamento foi completamente encoberto e esquecido sob o gelo.
Riscos ambientais e alerta da NASA
O deslocamento natural das camadas de gelo destruiu grande parte da estrutura, mas os sensores da NASA conseguiram obter imagens nítidas do que restou. A revelação gerou preocupação entre cientistas e curiosos nas redes sociais. Especialistas alertam que o derretimento acelerado do gelo pode expor os resíduos nucleares, representando uma ameaça ecológica grave para o Ártico.
Gardner destacou a importância do estudo para compreender os efeitos das mudanças climáticas: “Sem conhecimento detalhado da espessura do gelo, é impossível prever como as camadas glaciais responderão ao rápido aquecimento dos oceanos e da atmosfera, o que limita nossa capacidade de projetar o aumento futuro do nível do mar”.