Como dizem por aí, Naomi Osaka “chegou chegando” à edição desse ano do US Open. De look Nike vermelho cravejado, inspirado nas rosas, que também apareceram brilhantes no rabo de cavalo de dreads, a tenista japonesa mostrou sua versão fashionista, arrematada com o Labubu, acessório do momento personalizado com uma minirraquete. Essa semana, em Nova York, foi lançada a coleção em parceria da Miu Miu com a New Balance, assinada por Coco Gauff, nova referência fashion do esporte. Já a Bottega Veneta alçou o italiano Lorenzo Musetti ao posto de embaixador. Enquanto isso, Bia Haddad foi a primeira atleta brasileira a representar a Tiffany & Co. no País, tornando-se “friend of the house”. A moda nunca esteve tão obcecada pelos tênis.
Na temporada de inverno 2025/2026, a Lacoste levou sua vocação esportiva às últimas consequências ao desfilar na quadra central de Roland Garros. A marca atualizou clássicos desse universo, mostrando que o visual da modalidade tem mil e uma possibilidades e pode fugir do lugar comum. Aliás, a grife francesa “trocou” o tradicional crocodilo verde por uma cabra na coleção em homenagem ao sérvio Novak Djokovic, considerado o maior de todos os tempos (Greatest Of All Time ou GOAT, que significa cabra em inglês).
E pensar que tudo começou no século XII, em torneios disputados por monges franceses no pátio de um mosteiro. À época, o jogo usava as paredes e telhados inclinados como quadra e a palma da mão para acertar a bola. O esporte caiu nas graças da nobreza da França, fazendo sua popularidade se multiplicar. No entanto, acredita-se que as partidas como são disputadas hoje nasceram na Inglaterra; em Wimbledon surgiu o primeiro torneio internacional, em 1877. O tênis esteve nos primeiros Jogos Olímpicos, em Atenas, em 1896, porém foi excluído em 1928, retornando apenas em 1992, em Barcelona.
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Invariavelmente apontado como distinto, o esporte também encontrou na moda um canal para aumentar a popularidade. Se Wimbledon mantém o tradicional look branco — exceto as mulheres podem usar shorts coloridos por baixo das saias alvas —, as outras competições viraram praticamente uma passarela. René Lacoste, além de ter conquistado sete títulos do Grand Slam, revolucionou a modalidade ao abrir a marca com seu sobrenome, em 1933, com foco inicial na produção de camisas polo com algodão, que tornava a prática mais confortável para os atletas. Nos Estados Unidos, Ralph Lauren abocanhou uma fatia do mercado ao investir nessa seara, totalmente ligada à elite. O estilista também lança, desde 2006, coleção exclusiva para…Wimbledon.
Entre os protagonistas do espetáculo, ninguém chama mais a atenção que Serena Williams, referência máxima feminina. Ela e Venus, sua irmã, tiraram o tênis do sério faz tempo. Já foram criticadas por usarem tranças com miçangas. Em 2018, Serena deu o que falar ao aparecer de vestido de tutu preto no US Open, desenhado por Virgil Abloh. No mesmo ano, em Roland Garros, foi alvo de todos os olhares com seu macacão estilo “Pantera negra”. Extracampo, a americana é símbolo da diversidade e de mudanças significativas nesse esporte, que costumava ser ligado às camadas mais abastadas da sociedade. “A moda sempre bebeu da fonte do esporte como proposta de conforto, modelagem e até design, saindo do ambiente de performance para o dia a dia”, observa o consultor de imagem Arlindo Grund. “Acredito que essa aproximação com o tênis tem a ver com o momento de diversidade dentro das arenas. São vozes que vão de encontro aos desejos da sociedade, levantando pautas importantes para o mundo sem medo. É claro que há também uma aura de elegância.”
A stylist Manu Carvalho aponta o lançamento do filme “Rivais”, no ano passado, como parte importante dessa equação. Estrelado por Zendaya, o longa aguçou ainda mais a curiosidade da juventude sobre esse universo. “É um solo fértil para a indústria têxtil, que encontrou um terreno vibrante e realmente conectado com as mídias, o que faz reverberar tudo a respeito ao esporte: da roupa à beleza, passando pelo red carpet”, comenta Manu.