Vinte anos após sua participação no reality global “Big Brother Brasil”, em 2005, Grazi Massafera tem muiito a comemorar. No próximo mês, estreia sua 13ª novela da carreira, “Três Graças”, que substituirá “Vale tudo” no horário nobre. E a primeira vilã da carreira, Arminda, o que tem feito a atriz de 43 anos perder o sono. “Entrei em crise. É difícil fazer gente ruim, inverter valores. Surto pra caramba”, diz ela.
Fez de tudo nesse longo percurso: foi miss, participou do “Big Brother Brasil”, ganhou reconhecimento na novela “Verdades Secretas” ao interpretar Larissa, uma modelo viciada em drogas, e foi dirigida por Fernando Meirelles em “Corrida dos bichos” (que estreia ano que vem, na Prime Video) Mas, talvez, o papel mais difícil tenha sido lá atrás, quando precisou bancar seu nome entre estrelas da Globo que a enxergavam como forasteira. O preconceito veio de atores cujos nomes ela não esconde na entrevista a seguir.
Em “Três Graças”, você fará sua primeira vilã. Qual é a expectativa?
É minha primeira vilã, natural que eu esteja ansiosa, nervosa. Estou perdendo noites de sono. Fico pensando em como fazer… Na novela, maltrato uma velhinha, vivida pela Arlete Salles. Arminda, minha personagem, é amoral. Acha natural chamar a empregada de idiota. Conversei em casa com Fefê e Aline, minhas funcionárias. Elas me ajudaram na composição, pelas experiências horrorosas que tiveram com outras patroas.
Será a sua 13ª novela. Olhando em retrospecto, “Tempos Modernos” foi o trabalho mais difícil?
Um fracasso. O autor, Bosco Brasil, desistiu e pirou. Comecei como segurança de um prédio, virei um robô. Na realidade, foi uma tortura trabalhar como atriz até “Verdades secretas”. Antes disso, eu pensava em desistir em todas as novelas que fiz.
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Como foi sair do “BBB” para a atuação?
Difícil. O elenco se reuniu um dia e tirou sarro de mim, pedindo para eu procurar “galharufas”. Não sabia, mas era um trote. No teatro, galharufa é um objeto simbólico dado como amuleto a iniciantes. Fiquei mal. Era uma estranha no ninho, e eles passavam do ponto. Só pensava: o espaço existe, vou me dedicar. E como tudo na vida — se eu for limpar um chão, eu me dedico —, não seria diferente. Não pensava em ser aceita, mas em realizar.
Quem tinha preconceito?
Otavio Augusto. Em “Tempos modernos”, ele não quis contracenar comigo. Fez a cena olhando para a parede e foi embora. E eu fiz sem ele. Isso aconteceu outras vezes.
Juntaram as cenas na edição?
Sim. Aí, depois, trabalhamos juntos novamente (na novela “A lei do amor”). Ele pegou minha mão e disse: “É uma honra trabalhar com você. Desculpa o que aconteceu”.
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Mais alguém?
Ganhei um prêmio de atriz revelação, e o José Wilker era o homenageado. Ele disse: “Não desço na mesma escada que essa BBB”, com aquela voz que eu achava incrível. E teve o Miguel Falabella. Quando fui escolhida para “Negócio da China”, ele me praguejou. Depois, foi um amor e veio falar comigo.
E em “Verdades Secretas” foi indicada ao Emmy…
Pela primeira vez, era respeitada quando entrava em cena. Com a Larissa, vi que o sentimento que empresto a um personagem pode servir de reflexão. Eu me apaixonei pela profissão. Comecei a trabalhar por amor, não por dinheiro ou vaidade.
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Está namorando?
Não tenho nenhuma relação agora. Tive momentos de uma mulher serelepe. Meu último namoro faz tempo… 2022. Depois, só peguetes. Tô trabalhando tanto. Tem uma fase em que a mulher vê que é gostoso ter seu closet, seu banheiro. Posso estar falando isso agora e daqui a pouco me casar. Sou canceriana. A gente beija uma vez e já acha que vai casar e ter filho.
A relação de 6 anos com Cauã foi a mais longa?
Foi. A gente ainda tentou voltar, mas não rolou.
Existe uma relação de amizade entre vocês?
(Pausa) De respeito.
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Acha que Sofia, sua filha, será atriz?
Ela é filha de atores. Tá na veia. Acredita que Sofia é maior que eu? Tenho 1,73m, ela já tem 1,76m. Eu falo: “Você vai ser o que quiser.” Criar menina hoje é muito legal. Lá atrás, eu tinha que lavar louça e limpar a casa, e meu irmão ficava no videogame. Questionava e ouvia: “Vagabunda, preguiçosa”. Comecei a me empoderar. Sou uma mulher livre, que namora, faz o que quer.
Muito se falou sobre as dificuldades do Cauã com o elenco de “Vale Tudo”. Chegaram a dizer que ele não escovava os dentes nem usava desodorante. Como blindou Sofia?
Com muita conversa individual e em conjunto. Em tudo ligado a Sofia, eu e Cauã somos parceiros. Ela conhece bem o pai, me conhece e vive nesse meio desde que nasceu. Agora, na escola, parece que estão falando com ela sobre a novela. Não temos como blindar. Mas fofocas, até agora, ela não absorve. Faz terapia. É exposta desde o dia em que a gente se separou, quando ainda tinha 1 ano. Uma vez, ela estava com uma roupinha, e eu, com um vestido, e o paparazzo fez a foto e postou. Comentaram: “Que menina esculachada ao lado da mãe.” Fui sondar se ela tinha visto. Ela disse:“Mãe, eu me visto como uma pessoa da minha idade.” Aquilo me deu alívio. Eu e o pai estamos educando uma pessoa que já tem condições de discernir. E sempre fui querida pela imprensa e fiz movimentos sinceros.