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taxistas do Rio envelhecem e quase 40% dos permissionários já têm mais de 60 anos

BRCOM by BRCOM
setembro 29, 2025
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O motorista Edelmo Silveira Luz, de 78 anos, garante que lida bem com a internet e ajudou a criar página nas redes sociais para divulgar aplicativo oficial — Foto: Leo Martins

Os taxistas Manoel Carlos Tavares e Edelmo Silveira Luz têm muito em comum. Os dois estão com 78 anos, são titulares de autonomias para exercer a profissão e, na última década, enquanto enfrentam os desafios do trânsito, disputam passageiros com os serviços de transporte por aplicativo. Manoel está há quatro décadas na praça. Edelmo embarcou na profissão há 16 anos, quando já passava dos 60. Ambos são exemplos do que se observa nas ruas do Rio: o envelhecimento de quem está ao volante nos famosos amarelinhos.

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  • Migração para os aplicativos
      • taxistas do Rio envelhecem e quase 40% dos permissionários já têm mais de 60 anos

Migração para os aplicativos

O fenômeno, explicado por um conjunto de mudanças econômicas e de comportamento recentes, é captado pelos números da Secretaria municipal de Transportes, que hoje registram 44 mil taxistas na cidade, dos quais 32,2 mil são permissionários e 11,8 mil, auxiliares. Em uma década, revelam os dados oficiais, a proporção dos motoristas com 60 anos ou mais cresceu — e muito! Entre os com autonomia, saltou de 24,7% para quase 40%, ou precisamente 38,6% do total, sendo 12,1% acima dos 70 anos de idade. Já entre os auxiliares, quase triplicou: de 9,2% para 24,9%.

— A partir da pandemia da Covid-19, muitos profissionais migraram para os aplicativos, diante de um cenário de forte crise econômica e de queda da demanda por táxi. Esse movimento contribuiu para a redução da entrada de novos taxistas e consolidou uma base mais madura no setor — explica o presidente do sindicato da categoria no Rio, Hildo Braga.

À dificuldade de renovação estimulada pela consolidação de apps como Uber, 99 e inDrive, somou-se ainda a outra realidade. Entre os taxistas idosos ouvidos pelo GLOBO — alguns acima dos 80 anos —, a grande maioria justifica que continua no batente devido ao baixo valor da aposentadoria. E todos, sem exceção, falam em queda no faturamento, que começou a ser sentida há cerca de uma década. São perdas, relatam eles, que podem superar os 50%.

— No fim dos anos 1990 conseguia tirar até R$ 600 num dia. Agora, ganho de R$ 3 mil a R$ 4 mil por mês e trabalho de oito a dez horas por dia. Carros por aplicativo e mototáxis acabaram com a praça. A autonomia virou pó, não vale nada. Mas não dá para viver com a aposentadoria. Só de mensalidade de plano de saúde, minha esposa e eu gastamos quase R$ 4 mil. Como parar? — questiona o taxista Manoel Carlos, que faz ponto perto da sede do Fluminense, em Laranjeiras, e usa pouco o Taxi.Rio Cidades, aplicativo da prefeitura que conecta passageiros com 26 mil motoristas.

O motorista Edelmo Silveira Luz, de 78 anos, garante que lida bem com a internet e ajudou a criar página nas redes sociais para divulgar aplicativo oficial — Foto: Leo Martins

Edelmo, seu colega grisalho com quem Manoel Carlos guarda semelhanças, também não pretende deixar o táxi tão cedo. Com um carro ano 2023, sonha com um modelo 2025 e adota diferentes estratégias para encarar a concorrência. Ele busca acompanhar as modernidades e, com nove profissionais, criou uma página nas redes sociais (a Táxi Marketing e Soluções) para divulgar o Taxi.Rio Cidades. Para engrossar a campanha, além de ter colocado adesivos do app em seu táxi, trabalha sempre com uma de suas nove camisas polo, de cores diversas, com a propaganda da plataforma.

— Comecei dando 40% para passageiro “pé de rato”, que fica atrás do menor valor e não de qualidade. Agora, dou 20% — conta.

Formado em administração, Edelmo atuou na área de recursos humanos, aposentou-se, mas foi enganado e perdeu o dinheiro que juntou numa fraude financeira. Endividado, porque precisava quitar contas, aceitou a sugestão de um amigo taxista, tornando-se, na época, auxiliar:

— Comecei como taxista em setembro de 2009. No primeiro dia, consegui R$ 266; no segundo, R$ 350. Em seis meses, paguei minha dívida, de R$ 25 mil. Em novembro de 2019, comprei meu primeiro táxi, por R$ 45 mil, e a autonomia, por R$ 30 mil. Com a entrada do Uber, a autonomia tinha baixado de preço (no passado, chegou a ser vendida por R$ 250 mil).

Edelmo não trabalha em ponto. Prefere rodar em busca de passageiros ou aguardar uma chamada por meio do Taxi.Rio. Nunca pensou em migrar para os aplicativos de empresas e, uma das razões, é poder entrar sem receio em comunidades:

— Basta conhecer as regras: abrir os vidros e ligar a luz interna e os faróis do carro.

Aos 80 anos, Marcos Pereira do Nascimento, o Marcos do Pandeiro, complementa a renda com as apresentações com a Velha Guarda da Portela — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal
Aos 80 anos, Marcos Pereira do Nascimento, o Marcos do Pandeiro, complementa a renda com as apresentações com a Velha Guarda da Portela — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Aos 80 anos, o também taxista Marcos Pereira do Nascimento, o Marcos do Pandeiro, entra “em qualquer lugar que não tenha tiroteio”. Está há quase seis décadas no táxi. Mas viu sua renda minguar com a chegada dos aplicativos: hoje, leva até R$ 150 para casa por dia, após dez ou 11 horas de serviço.

— Complemento minha renda com a aposentadoria e com os shows que faço com a Velha Guarda da Portela — afirma. — Existe uma concorrência desleal, porque pagamos impostos, fazemos vistoria, temos que manter o carro em bom estado. Deveria haver regras para todos. Vejo muitos idosos, como eu, no táxi. A maioria dos jovens está caindo para o Uber.

Com a experiência de quem comanda a organização dos trabalhadores da categoria no Rio, Hildo Braga, porém, vê uma luz no fim do túnel. Ele aposta numa mudança de cenário e afirma que pessoas com menos de 35 anos têm procurado o sindicato, interessadas em deixar os aplicativos para ingressar no táxi.

— Esse processo, embora gradual, aponta para um equilíbrio etário nos próximos anos — prevê.

Com mais jovens ou não dirigindo os amarelinhos, o certo é que motoristas como José Maurício Duarte Braga, que vai soprar 82 velinhas em fevereiro, não pretendem parar de rodar, apesar dos estresses diários que a vida ao volante impõe.

Ele está há 40 anos no táxi, precisa pagar aluguel e ajuda no sustento da filha, com depressão. Na última quinta-feira, um carro de aplicativo bateu no seu táxi, na Tijuca. O motorista aguardou com o idoso a chegada do representante da seguradora. Maurício, contudo, se desesperou: pensou no tempo sem trabalhar, até que o veículo seja consertado, e na vistoria que estava marcada para o dia seguinte:

— Está cada vez mais difícil. Faço ponto em frente à Petrobras, no Centro, mas os funcionários estão trabalhando presencialmente só três vezes por semana. O movimento caiu muito, e preciso trabalhar mais.

José Antônio França, de 71 anos — 40 na praça —, pagou US$ 30 mil (R$ 160 mil em valores atuais) pela autonomia — Foto: Selma Schmidt
José Antônio França, de 71 anos — 40 na praça —, pagou US$ 30 mil (R$ 160 mil em valores atuais) pela autonomia — Foto: Selma Schmidt

Outro que se queixa das dificuldades do batente é José Antônio França, de 71 anos. No passado, ele pagou US$ 30 mil (R$ 160 mil em valores atuais) pela autonomia. No momento, o que ganha nas ruas não é suficiente para algumas demandas:

— O meu carro é de 2014. Nunca fiquei tanto tempo com um veículo. Só que não consigo trocar. Hoje, minha renda não passa de R$ 3 mil. Saio de casa às 5h e não volto antes das 16h.

Já Romilda Tavares, de 65 anos, destaca a “selvageria” que enfrenta no trânsito:

— Trabalhar na rua não é para os fracos. São patinetes, bicicletas e motos quebrando nossos retrovisores. Mas precisamos sustentar nossa casa.

Nesse cenário, desde abril a prefeitura do Rio suspendeu a transferência de autonomias por conta de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a transação inconstitucional. Projetos tramitam na Câmara e no Senado para tentar reverter a medida. Outro movimento com impacto na categoria vem do transporte por aplicativo. Desde março, por exemplo, a Uber inseriu a opção de corridas por táxi em sua plataforma no Rio.

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